Um hábito comum consiste em
lamentarmos perdas diversas. No momento em que vivenciamos a experiência de
algo não estar mais ao nosso alcance, também podemos experimentar a sensação de
grande tristeza e, em muitas ocasiões, não vislumbrar uma possibilidade que
concilie nossa carência com a possível restauração de nosso bem estar geral.
Quando entristecidos por qualquer
motivo, somos levados a utilizar um olhar o qual obscurece nossa capacidade de
análise mais acurada dos fatos e das alternativas disponíveis. Desse modo,
encontrar possibilidades as quais nos permitam reverter o sentimento de
tristeza, e convertê-lo em disposição para mudar a condição do momento
presente, pode representar um investimento de grande energia.
Contudo, é compreensível
necessitarmos nos permitir vivenciar nossas dores e lamentações. Inclusive para
que seja possível, para nós mesmos, a compreensão da dor e, assim, a emergência
da oportunidade de nos movimentarmos em prol de uma transformação.
É sempre uma possibilidade nos envolvermos
com nossa tristeza de modo a experimentarmos o desejo em desfalecer e não colocarmos em prática nenhuma atitude. Porém, agindo assim, podemos
também nos colocar em uma posição desfavorável para nosso próprio bem
estar.
Então, ao experimentarmos alguma
perda, seja de algo, alguém ou mesmo um
sonho, é necessário nos permitirmos as lágrimas. Contudo, também é importante
nos possibilitarmos vislumbrar com um olhar diferenciado a experiência vivida.
Para, assim, nos permitirmos a oportunidade de entrever alternativas diferentes e,
desse modo, colocarmos em prática nossa liberdade. Pois, como destaca o
filósofo Martin Heidegger, ao ampliarmos nosso rol de possibilidades,
exercitamos nossa liberdade em sua essência.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124