O fato de o possível não
constituir algo fácil, isso pode nos afugentar e levar uma avaliação,
aparentemente, mais sensata e segura, a optar pela impossibilidade ao invés da
dificuldade.
É comum afirmações a respeito da
impossibilidade de algumas coisas serem concretizadas. No entanto, nem sempre é
levada em conta a efetividade de tal afirmação. Em muitas ocasiões ocorre de
considerar-se impossível o que “apenas” é muito difícil. Porém, a dificuldade
por mais extrema que seja não denota, necessariamente, impossibilidade.
O que ocorre, na maioria dos
casos, é o fato de o possível não constituir algo fácil. Isso pode nos
afugentar e levar uma avaliação, aparentemente, mais sensata e segura, a optar
pela impossibilidade ao invés da dificuldade.
Quando decidirmos poder investir
naquilo que desejamos significa, também, que precisaremos investir no esforço,
dedicação e disciplina para alcançar o objetivo escolhido. E não apenas nossa
decisão para consegui-lo. Seja nosso desejo algo que queremos ou a solução de
um problema no qual estamos envolvidos.
As soluções fáceis são atraentes,
mas nem sempre garantem tranquilidade e satisfação. As solicitações do dia-a-dia podem nos levar
a deixar de lado esforços necessários à nossa satisfação, ao considerar
impossível o que exigiria de nós um investimento pessoal maior do que
incialmente planejado.
Em uma sociedade de consumo como
a atual há um incentivo implícito para a busca de soluções rápidas e práticas em
vista de satisfações instantâneas, porém, passageiras, como destaca o sociólogo
Zygmunt Bauman em seu livro Globalização. Em contrapartida, uma questão que
surge é: diante de tantas alterações psíquicas e emocionais vivenciadas
atualmente por um número cada vez maior de pessoas, será a forma proposta pela
contemporaneidade a mais adequada em se lidar com nossos desejos?
Estabelecemos metas e sonhamos
com os melhores cenários. Isso representa nosso potencial de desejo. Contudo, a
nossa parcela de esforço real em prol dele precisa ser efetiva para haver, ao
menos, a possibilidade de se alcançar tal meta.
Podemos ainda delegar a outrem o
encargo de “providenciar” a solução de nosso problema. E encontraremos, assim,
alguém a quem responsabilizar se nossa satisfação não for plena. Dessa forma
poderemos agir de “má fé” como salienta o filósofo Jean-Paul Sartre e nos
iludirmos em relação a nossa isenção na participação do resultado obtido.
Contudo, diante de tantas
lamentações e frustrações, será que não nos cabe uma decisão mais firme em
relação a avaliação sobre o que constitui impossibilidade e dificuldade? Se
refinarmos nossos juízos a respeito das variadas situações as quais nos
encontramos envolvidos diariamente, poderemos, quiçá, tornar nossos atos e
decisões mais efetivos em prol de nós mesmos.
Isso é impossível... Ou apenas...
Difícil?
Márcia A.
Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marciabcavalieri@hotmail.com