Ao nos preocuparmos excessivamente com nosso próprio bem
estar, incorremos no risco de desenvolvermos um modo de ser o qual pode até negligenciar
a existência do outro.
Nos
ditames da contemporaneidade um dos pontos altos consiste na individualidade.
Somos responsáveis por nossas escolhas e suas consequências e isso nos
possibilita certa independência. Contudo, alguns “exageros” podem ocorrer e
mesmo algo salutar, quando em quantidade imoderada, pode tornar-se letal.
Zygmunt
Bauman, sociólogo, afirma vivenciarmos o que ele nomeia hiperindividualismo. Isto
é, segundo o autor, alcançamos um ponto tal do individualismo que se houver um
incêndio próximo a nós, mas ninguém de nossas relações estiver em risco, não
nos perturbamos.
Na
contrapartida do exagero que pode ocorrer quando do individualismo há a
empatia, ou seja, nos habilitarmos a compreender a dor do outro buscando em
nosso referencial histórico pessoal algo que nos aproxime dessa dor. Contudo,
esse “habilidade” tem sido deixada de lado em benefício da preocupação em
demasia consigo mesmo.
Ao
nos preocuparmos excessivamente com nosso próprio bem estar, incorremos no
risco de desenvolvermos um modo de ser o qual pode até negligenciar a
existência do outro. Praticarmos uma forma de nos relacionar desconsiderando
que aqueles que compartilham algum espaço conosco também possuem desejos e
sentimentos tanto quanto nós mesmos.
Nesse
caso, torna-se importante o exercício da empatia. Pois, ao possibilitar nos “deslocarmos”
para o lugar do outro e tentarmos compreender o que ele sentiria em uma
situação específica, pode-se dar início a um contato mais autêntico. Algo um tanto “fora de moda” nos dias atuais.
Nosso
modo de ser pode permear as lamúrias em relação às lesões que, de algum modo,
podemos sofrer quando nos relacionamos. No entanto, se colocarmos em prática a
empatia, pode ocorrer de nos surpreendermos em relação ao número de ocasiões em
que causamos lesões sem nos darmos conta disso.
Por
isso, ao optarmos em nos comportarmos diferente do rotineiro, isto é, voltarmos
nossa preocupação não somente para o que concerne ao nosso bem estar, mas
daqueles que convivem conosco também, corremos o risco de aprimorarmos nossas
diversas relações. E, desse modo, experimentarmos a troca que todo
relacionamento proporciona, mas da qual nos privamos quando voltamos, em
demasia, nossa atenção para nós mesmos.
Nesse
caso, ao exercitarmos nos “aproximar” do outro ao ponto de nos capacitarmos a compreender
o que ele sente, especialmente através da empatia, podemos possibilitar a nós
mesmos a oportunidade de relacionamentos mais satisfatórios e que nos complementem
de modo a experimentarmos uma sensação de realização mais a contento.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124