Ao permanecermos a espera de
algo acontecer para então nos posicionarmos, corremos o risco de nos colocarmos
em uma posição de estagnação indefinida.
É comum nos depararmos com frases
as quais fazem referência a nossa “dependência” em relação ao comportamento do outro.
Por exemplo: “minha educação depende da sua”. Ao pensarmos desse modo, em um
primeiro momento, parece extremamente justo. Isto é, se o outro comportar-se de
modo satisfatório significa que minha resposta também será satisfatória.
Contudo, uma questão surge: quem dará início a esse processo? Ou seja, em quem
repousa a responsabilidade de ser o primeiro a comportar-se “bem”? Em mim ou no outro?
Em uma pequena historieta da qual
um palestrante fazia referência, ocorria de alguém receber uma reprimenda de
seu superior. Impossibilitado de responder-lhe a ofensa, por estar em uma
posição hierárquica desprivilegiada, esse alguém precisou conter seu
descontentamento. No entanto, depositou sua frustração, em modo de agressão
verbal, em um colega com o qual se deparou minutos depois. O colega, também
impossibilitado de responder como gostaria devido às circunstâncias de um local
público, “transferiu” sua raiva em outro alguém. E assim por diante até que um
filho, ao chegar em sua casa, é agressivo com sua mãe que o esperava para o
auxiliar em suas necessidades após o dia de trabalho. Essa mãe, compreendendo
que o filho teria se deparado com algum tipo de situação da qual não pôde dar
vazão ao seu descontentamento, conteve uma resposta menos delicada. Pondo fim à
corrente que havia sido iniciada com a reprimenda do superior ao seu
subordinado.
Ao permanecermos a espera de algo
acontecer para então nos posicionarmos, corremos o risco de nos colocarmos em
uma posição de estagnação indefinida. Pois, na “dependência” de alguém fazer
algo para podermos reagir, depositamos de modo totalitário no outro nossa
possibilidade de agir.
Sendo assim, se almejarmos, em
algum momento de nossa existência, nosso crescimento pessoal e desenvolvimento
como seres independentes, é necessário termos em mente que podemos nos tornar
independentes. Porém, é de suma importância nos lembrarmos do físico Fritjof
Capra o qual afirma em seu livro “O ponto de mutação”, sermos todos interligados
pelo o que ele denomina interconexão. Ou seja, todo comportamento é
influenciado pelo modo de agir do outro em todas as suas particularidades e
consequências.
Assim, nosso progresso
encontra-se correlacionado ao progresso daqueles que compartilham o seu existir
conosco. Então, certamente nos encontramos em uma relação de dependência.
Todavia, essa relação pode não dizer respeito ao nosso posicionamento em
situação de espera do outro ter uma iniciativa para que algo nos aconteça. Mas,
estarmos atentos ao nosso próprio modo de agir, para podermos delimitar como
será o comportamento de quem se encontra em relação conosco e não o inverso.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marciabcavalieri@hotmail.com