25 fevereiro 2011

DEFICIÊNCIAS

Numa mensagem enviada por e-mail havia uma pequena historieta: um marido leva a esposa ao médico para verificar sua surdez. Na consulta o doutor, então, solicita ao esposo que faça um teste para averiguar o quão surda a esposa está. Ao anoitecer o marido coloca em prática seu teste e segue perguntando a ela o que teriam para o jantar. Faz a mesma pergunta três vezes aproximando-se dela cada vez mais e nada de resposta. Quando encosta-se à esposa e pergunta pela quarta vez ela o informa que já seria a quarta vez que respondia que teriam frango. Ao final uma frase: Normalmente, na vida, pensamos que as deficiências são dos outros e não nossas.
Uma facilidade que possuímos é a tendência de amenizar aquilo que concerne a nós e de exacerbar o que concerne ao outro. Portanto, faz sentido a frase final da historieta acima. Porém, cabe a nós o exercício de refletir a respeito desse comportamento considerado normal e, para o qual não disponibilizamos nosso tempo.
É comum ouvirmos alguém lamentar-se do modo de agir de outro alguém para com ele. Mas será esse indivíduo capaz de notar que apresenta o mesmo comportamento em relação àquele de quem reclama? Nem sempre percebemos isso, mas ocorre com maior frequência do que gostaríamos.
Lamentamos quando alguém não nos procura para uma conversa. Porém não temos a iniciativa de procurá-lo também. Entretanto, sofremos. Então, temos o privilégio de lamentar e o outro não, pois nossa dor é maior. Até que ponto estamos acostumados a esse modo de agir, sem levarmos em conta os sentimentos do outro?
Nos afazeres diários que possuímos costumamos justificar nossa falta de atenção a “pequenos” detalhes. Mas, ainda assim, conseguimos sentir a falta de algo do qual fomos privados sem nos importarmos à sua insignificância.
Se, ao contrário do que estamos habituados, decidirmos, em uma ocasião ou outra, agir de modo diferente, podemos iniciar um processo no qual os detalhes não serão tão “pequenos”. Então assumirão a real importância que possuem. Deste modo, será possível a diminuição de oportunidades para nossas lamentações e experimentaremos sentimentos desconhecidos ou, quiçá, esquecidos.
Sempre ao nos aproximarmos de um problema temos maiores chances de alcançar a solução dele. Porque onde temos acesso a um maior número de informações as quais podem ser verdadeiras, é em nós mesmos. E, quando de posse dessas informações podemos ter decisões mais seguras e com maiores oportunidades de acerto também.
Em muitas ocasiões é possível observar que ao tomarmos uma atitude diferente daquela a qual estamos acostumados, no mínimo causamos uma surpresa, assim como nos surpreendemos quando alguém tem tal comportamento.
Então, ao assumirmos nossas deficiências como nossas e não do outro, somos capazes de cuidar delas de modo a transformá-las em oportunidades de acerto. E, assim, experimentarmos um maior número de ocasiões na qual sentiremos satisfação.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
Email: marcia@maximizandoresultados.com.br

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