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08 julho 2011
CAVERNA ESCURA
O passado que não se conhece é como uma caverna escura. A desvendaremos se tivermos algum interesse, mas como se interessar pelo que não é lembrado? Pelo simples fato de não lembrarmos significa que não pertence à nossa história?
Em muito mais ocasiões do que gostaríamos nosso passado pode ser motivo de sofrimentos ao ser relembrado. Por ter sido muito bom e não ser possível revivê-lo ou por ter sido desagradável e não querermos a lembrança para não reviver os sofrimentos escondidos em uma “caverna”. No entanto ignorá-lo pode ser a base de consequências das quais se pode lamentar sem nem ao menos ter consciência do envolvimento dele.
O ser que somos hoje é o resultado das experiências vividas até então e, que de certo, não está pronta. Isto é, se somos o resultado das experiências passadas, nosso amanhã consistirá em uma pessoa diferente de quem somos hoje. Um movimento constante e inevitável rumo ao desenvolvimento.
Então, se estamos sempre por fazer é possível mudanças em todos os níveis dos quais aspiremos. A questão é: somos capazes de buscar conhecer nossa história para então construirmos, com maior autonomia, o que está por vir?
Ao buscarmos formas de aproximar nossa história de nossa realidade também conheceremos nossos limites. Certamente esses limites podem nos surpreender e até mesmo decepcionar. Porém, ao termos o conhecimento possuímos também a condição do possível. Ou seja, assumimos a posição de “proprietários” do que queremos para nós, nos tornamos melhores artífices nessa realização.
Ou seja, sempre ao ampliarmos nosso limiar de conhecimentos ampliamos, por consequência, nosso rol de possibilidades. E, como na análise de Heidegger nos tornamos mais livres à medida que ampliamos nossas possibilidades, eis nossa oportunidade para sermos cada vez mais livre.
No entanto, é primordial ter-se em mente que a liberdade vem associada à satisfação, mas também interligada à responsabilidade. Sendo assim, ao alcançarmos tal liberdade estaremos também “tocando” em responsabilidades para as quais precisamos estar atentos e, então, não sermos surpreendidos com situações causadoras de dissabores.
É essencial ao buscar-se a liberdade lembrar-se também da responsabilidade. Pois, ao exercitarmos ambas em conjunto poderemos buscar conhecer o que se esconde em nossa caverna escura. E, ainda assim, contatando situações passadas pelas quais poderíamos nos sentir amedrontados sem um real motivo para isso. Encontrando, talvez, ao invés de um monstro horrendo, apenas uma bela criança jovial a espera de ser aconchegada.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br
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