Há algum tempo fala-se em
individualismo, autores atuais destacam ainda o hiperindividualismo. De um modo simplificado, no individualismo o
indivíduo é responsável por suas conquistas e derrotas, no hiperindividualismo além deste indivíduo ser responsável por sua
sorte vai um pouco além: nada o perturba desde que não esteja em sua “porta”, isto
é, se há uma catástrofe e ninguém próximo a ele está envolvido, tudo bem, se
falta energia em seu bairro, mas em sua casa não, tudo bem.
Fritjof Capra, físico e escritor,
autor do livro “O ponto de Mutação”, destaca neste a interconexão entre os
seres. Somos todos tocados pelos atos e decisões de todos. Neste caso qualquer
atitude nossa influencia tudo ao nosso redor. Então aquela ideia sobre a sorte
de nosso vizinho não nos dizer respeito porque não nos atinge diretamente está
equivocada, pois se nossos atos afetam a todos, os dos outros também nos afeta.
Num primeiro momento essa ideia
pode parecer assustadora. Tudo o que fazemos e as decisões que tomamos “tocam”
aqueles que estão próximos a nós e vice-versa? E em maior escala, influenciamos
o que acontece no mundo também? Capra, entre outros autores, afirma que sim e
atualmente observamos diversas discussões a respeito da importância de nos tornarmos
cidadãos conscientes para podermos prevenir futuras catástrofes em relação ao
clima, por exemplo.
Se pensarmos que somos livres
para escolher e que nosso olhar permeia todas as nossas decisões porque está
repleto das experiências por nós vividas, podemos dizer que está em nossas mãos
as possibilidades de mudança. Teoricamente parece simples, mas será que na
prática é tão simples assim? Será que sabemos onde buscar auxílio para alcançar
tal objetivo?
Se reduzirmos um pouco este
contexto e deixarmos de pensar por alguns momentos que nossos pequenos atos
podem afetar o mundo todo, como essa interconexão ocorre em nossos
relacionamentos? Se nossas atitudes fazem parte da vida daqueles com quem nos
relacionamos o que fazer quando uma relação não vai bem? Temos autonomia para
conseguir mudanças em um relacionamento antigo?
Levando-se em conta os autores citados acima a
resposta é sim, temos autonomia para alcançar tais mudanças, mas essa tarefa
não é fácil e rápida como nosso momento atual geralmente solicita. As mudanças
que ocorrem em nosso comportamento afetam o comportamento de quem convive
conosco. Assim, quando buscamos maneiras que nos ajudem a refletir sobre as
diversas situações em nossa vida e com isso conquistamos um conhecimento mais
apurado de nós mesmos, damos um passo à frente no alcance de nossa autonomia
para conseguir mudanças.
Hoje buscamos respostas e
soluções rápidas esquecendo-nos que se uma situação perdura por muitos anos não
é de um dia para o outro que tudo irá se resolver, mas esse pensamento muitas
vezes nos leva a desistir de tentar, relegando a um segundo plano nossa
realização pessoal, o que não deveria acontecer tendo em vista nossa sorte
interferir em tudo ao nosso redor.
Sendo assim, estando interligados
é importante buscarmos alternativas para estarmos bem conosco, para então sermos
capazes de oferecer uma boa interferência nessa interconexão que nos coloca
“responsáveis” por tudo ao nosso redor.
Márcia A. Ballaminut
Cavalieri
Psicóloga – CRP
E-mail: marciabcavalieri@hotmail.com