É comum nos colocarmos em
posição de vítimas das circunstâncias sem levar em consideração os fatos.
Acreditamos que as pessoas nos devem algo, ou que tudo referente a nós parece
estar corrompido de algum modo.
O dicionário Aurélio define a palavra
voracidade como alguém muito ambicioso e quiçá destrutivo. Melanie Klein,
psicanalista, definiu neste termo quem não se satisfaz com o que lhe é
ofertado. Isto é, quando alguém julga o que lhe é oferecido como não
correspondente à satisfação de suas necessidades. Para essa pessoa o “mundo”
estaria sempre tentando causar-lhe, de algum modo, uma lesão ou uma perda.
A todo o momento podemos nos
encaixar ou encontrar alguém que se encaixe nesta definição. É comum nos
colocarmos em posição de vítimas das circunstâncias sem levar em consideração
os fatos. Acreditamos que as pessoas nos devem algo, ou que tudo referente a
nós parece estar corrompido de algum modo.
Ao nos posicionarmos desta forma
diante do mundo, também nos colocamos em situação de não sermos capazes de
fazer avaliações mais claras e ponderadas. Muitas vezes, imbuídos desse
sentimento de perda, impedimos nosso próprio desenvolvimento, permanecemos
“paralisados” em determinado fato o qual pode não corresponder à realidade. Ao
sermos capazes de refletir sobre os fatos com a maior limpidez, possibilitaremos
usufruir o máximo que uma situação pode oferecer.
O filósofo Sartre afirmou ser de
salutar importância o que fazemos com o que o mundo nos oferta. Ou seja,
qualquer fato ocorrido pode representar uma possibilidade de crescimento. No
entanto, é necessário o nosso ponto de vista e nosso posicionamento em relação
à situação.
O senso comum costuma afirmar ser
uma oportunidade perdida impossível de ser recuperada. Nesse caso, o que ocorre
é a necessidade de lidarmos com a nova oportunidade que surge em seu lugar,
fazendo dela a nossa nova “ocasião favorável”.
Então, diante da possibilidade de
mudança que permeia nosso existir a todo o momento, podemos assumir a
responsabilidade por tudo o que envolve nosso crescimento pessoal. E, podemos
iniciar nós mesmos esse processo, o qual pode contar com auxílio alheio ou não.
Entretanto, o importante é
assumir estar em nós a possibilidade de usufruirmos das oportunidades que
surgem. E, como afirma outro filósofo, Heidegger, ampliá-las também, para nos
tornar, deste modo, senhores de nosso próprio destino, tecendo os fios que o compõem
de modo a sermos nós escolhendo quais fios, cores e o que será “confeccionado”.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124