Em nosso existir podemos
experimentar situações nas quais nos permitimos acreditar terem sido, elas,
astuciosamente planejadas para nos frustrar e nos conduzir, assim, a uma
situação de revolta
Não raro ocorre de nos sentirmos
prejudicados ou experimentarmos a sensação de que o mundo nos negou algo. Nesse
momento, se formos capazes de atentarmos para nosso proceder e darmos curso a
uma pequena análise, incorreremos na possibilidade de localizarmos em nós
mesmos uma das fontes de nosso mal-estar. No entanto, nem sempre estamos aptos
a essa conduta.
Em nosso existir podemos
experimentar situações nas quais nos permitimos acreditar terem sido, elas,
astuciosamente planejadas para nos frustrar e nos conduzir, assim, a uma
situação de revolta. Nesse caso, nos identificamos como alguém sofredor
submetido a injustiças.
Melanie Klein, psicanalista, em
seu livro “Inveja e Gratidão” define voracidade como uma ânsia impetuosa e
insaciável. Nela o indivíduo, voraz, excederia o necessário, desejando além do
que quem oferta pode ou está propenso a disponibilizar para nós. Podemos,
então, a partir dessa definição, compreender sermos capazes de criar
significado para o limite alheio como uma recusa em satisfazer nosso desejo,
mesmo que ele seja permeado do excesso para aquele a quem direcionamos nossa
“voracidade”.
Então, podemos nos identificar
como vítimas numa ocasião em que isso não represente, necessariamente, uma
realidade e procedermos em uma compreensão distorcida do limite do outro. Desse
modo, entendendo o comportamento deste outro como sendo uma lesão que nos
proporciona algum prejuízo.
Em algumas ocasiões pode ocorrer
de amenizarmos nossos feitos reprimíveis e abrandarmos nossos comportamentos
desagradáveis bem como ampliarmos nossa posição de sofredores. Porém, ao fazer
uma reflexão, é possível o contato com os fatos ocorridos de modo mais claro. Assim,
torna-se possível avaliar o todo de um modo límpido, para suceder a apropriação
de informações mais plausíveis concernentes ao ocorrido.
Ao nos permitirmos tal
comportamento, damos lugar ao exercício pleno de nossa liberdade, como
difundida pelos filósofos Martin Heidegger e Jean Paul-Sartre, a qual nos
permite ampliarmos nossas possibilidades e escolhermos dentre elas a que
julgamos mais satisfatória aos nossos propósitos.
No entanto, nem sempre estamos
dispostos em um investimento dessa magnitude e podemos optar por permanecermos
vorazes. Mas, é importante a consciência da total liberdade de escolha que
possuímos e da conseguinte condenação vinculada a ela: suas consequências. As
quais somos impelidos sempre que optamos por algo.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marciabcavalieri@hotmail.com
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