"O amor próprio consiste em cuidarmos
do nosso bem-estar de modo a nos realizarmos como seres existentes e com
possibilidades."
O respeito e bem querer voltado a
nós mesmos pode, algumas vezes, ser interpretado como egoísmo. Um sentimento deveras
exacerbado em relação ao nosso bem-estar que nos faz colocar em prática um amor
excessivo para conosco e desconsiderar, assim, os interesses alheios. O
convívio social reprova essa prática.
No entanto, como em todos os
aspectos, faz-se importante refletir a respeito dos extremos. Isto é, se
voltarmos toda a nossa atenção e cuidado ao bem estar do outro, incorremos na
possibilidade de expor um modo de ser o qual pode assumir uma imagem digna de
admiração por um grande número de pessoas. Porém, também corremos o risco desconsiderarmos
o cuidado para conosco.
O amor próprio consiste em cuidarmos
do nosso bem-estar de modo a nos realizarmos como seres existentes e com
possibilidades. Isso representa exercitarmos cuidados básicos com nossa saúde,
aparência e emoções, mas, consiste também em respeitarmos nossos limites bem
como nossas capacidades.
Os conclames atuais nos conduzem
a comportamentos acelerados em relação ao nosso próprio ritmo. Somos
“convidados” a agir de modo totalmente competente e nos sentirmos satisfeitos,
embora nossos desejos permaneçam apenas no âmbito do planejamento ou relegados
ao esquecimento.
Contudo, ao nos portamos dessa
maneira iniciamos um processo no qual é possível exigirmos resultados sem
estarmos totalmente habilitados. Desse modo, ficamos a mercê de lesionar nosso
equilíbrio físico e psíquico, em benefício de algo que talvez nem ao menos compreendemos.
Em um ritmo “adequado” ao momento
social atual, podemos deixar de lado questões importantes referentes às nossas
necessidades e desejos. Então, permitirmos que o cuidado para conosco inicie
com um ato nosso voltado para nosso bem-estar, pode, em um primeiro momento, conduzir
a ideia de um ato egoísta.
Todavia, ao consentirmos nos
amarmos de modo especial, atento e cuidadoso, também possibilitamos amenizar
nossas dores e angústias. Desse modo, nos tornamos seres com possibilidades
plenas de satisfação. Assim, usufruir dos prazeres em estar em boa companhia
pode ter início no convívio com a pessoa que somos. Isto é, exercitarmos
atitudes as quais permitam nos sentirmos confortáveis em nossa própria
companhia.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marciabcavalieri@hotmail.com
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