Presentear é uma tradição e seu significado varia imensamente. Atualmente o ato de oferecer um presente tem adquirido várias conotações às quais, nem sempre, compreendemos integralmente.
O dicionário Aurélio traz a seguinte definição para a palavra presentear: dar presente ou dádiva a; mimosear com presente; brindar. E presente é: o que se oferece com o intento de agradar, retribuir ou fazer-se lembrado; brinde, dádiva, lembrança, mimo, regalo.
O que ocorre no processo de presentear nos dias atuais? Conseguimos agradar aqueles a quem nos dispomos a oferecer um mimo?
A busca do presente “perfeito” envolve a observação. Isto é, por um breve espaço de tempo a pessoa na qual desejamos presentear torna-se alvo de nossa atenção de um modo diferente do habitual. Suas preferências em relação à cor, objetos pessoais, hábitos, entre outros assumem destaque para nós e, por determinado período nosso pensamento é tomado, quase totalmente, por esse alguém. Finalizamos esse processo com a aquisição do objeto que, acreditamos, irá alcançar o objetivo de agradar.
Sendo assim, ao receber seu mimo, o presenteado poderá experimentar a satisfação de saber que, por um momento, foi destaque no pensamento de quem lhe ofertou o agrado.
No entanto parece que esse significado do ato de presentear tem permanecido a deriva. Nas trocas de presentes atuais até busca-se saber o que a pessoa quer, mas de outro modo. Criam-se listas ou caixas com papéis, ou mesmo trocas de mensagens em redes sociais, para serem descritas as possibilidades do que se quer “ganhar” como presente. Ou seja, faz-se uma “encomenda”.
Então, ao receber a “encomenda” não se experimenta a expectativa da surpresa. Apenas a dúvida: será que é o que “pedi” ou não? Desse modo, destrói-se a oportunidade da surpresa. Tudo fica previsível e “sem empolgação”. Nesse momento pode-se experimentar um sentimento de desconforto, com falta de sentido.
Porém, se atentarmos para o sentido do ato dar e receber um presente poderemos retomar o significado de “mimosear” alguém. E, assim, ao recebermos ou oferecermos um mimo, não estaremos interessados no que contém o embrulho, mas no que ele representa.
Tal iniciativa pode nos levar a experimentar sensações há muito esquecidas, como a surpresa ao receber um embrulho e não se fazer ideia de seu conteúdo. Ou mesmo a satisfação em não se importar o que o pacote envolve, mas seu significado, como a atenção e carinho daquele que nos presenteou.
É comum a afirmação de ser muito difícil proceder a mudanças em hábitos adquiridos e isso está correto. No entanto, difícil não significa impossível. É necessário apenas o desejo e a iniciativa. Então, que o desejo de presentear possa nos levar a iniciativa de agir diferente do habitual. E, buscarmos surpreender ao presentearmos alguém, para oferecermos a nós a possibilidade de experimentar uma sensação diferente nesse ato.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br
Marcia muito bom e oportuno.
ResponderExcluirGanhar presente é bom!
Ser surpreendido é òtimo!
Desejar ser surpreendido é muito melhor!
Desejos,sonhos e mimos nos mostra outra realidade possível.Mas parece que nessa sociedade consumista as pessoas andam na contra mão.
Será que é preciso perder-se para voltar a encontrar-se??? abraços maria
Adorei seu texto. Ao procurar nesta manhã uma mensagem que expressasse o sentimento sobre a arte de presentear, encontrei o seu. Ele expressa o real sentimento de presentear...isso no meu caso, que, apesar de amar e me sentir extremamente lembrada recebendo um presente, sinto um sentimento imensamente melhor em presentear. Citarei seu texto nesta manhã no meu face, claro, com seu devido crédito. Parabéns!
ResponderExcluirMariana Clímaco - jornalista
Muito obrigada Mariana!!
ExcluirFico muito feliz por vc ter gostado do texto.
se quiser me add também possuo facebook, está com o meu nome, e coloco um texto novo toda sexta-feira no blog.
Abraço.
Márcia.