Habitualmente denominamos sorte o
que ocorre alheio a nós. Isto é, aquilo que ocorre “independente” de nossos
esforços, desejos ou, até mesmo, inércia. O dicionário Aurélio traz a seguinte
definição: “força que determina ou regula tudo quanto ocorre, e cuja causa se
atribui ao acaso das circunstâncias ou a uma suposta predestinação”.
No entanto, ao refletir acerca
desse conceito possibilitamos a oportunidade de mudar nosso ponto de vista
relacionado à sorte. Colocar em prática a afirmativa do filósofo Heidegger o na
qual se destaca que ao ampliarmos nosso rol de possibilidades exercemos nossa
maior oportunidade de liberdade.
Não podemos, porém, nos esquecer
de nosso potencial para justificar o que não conseguimos alcançar. Seja para
nos confortar devido à frustração experimentada. Ou para apaziguar nossos
ânimos em relação a uma grande satisfação. Justificar nossa perda ou ganho de
modo a não estarem totalmente em nossas “mãos” as possibilidades para tal, nos
torna mais próximos da “normalidade”.
Porém, com tal atitude deixamos
de lado também a constatação de nossa capacidade, e de nosso esforço no que
tange o empenho, ou não, em prol do que almejamos. Ao atentarmos para nossa
história pessoal não é difícil justificarmos nossos ganhos com explicações às
quais não abarcam nosso empenho e dedicação para com os eventos que culminaram
em algum ganho no presente.
É comum deixarmos nossa história
passada no esquecimento, como se o presente não tivesse conexão alguma com ela.
Nos esquecemos dos momentos em que deixamos de lado alguma frustração ou
decepção, para que fosse possível a manutenção de alguma relação familiar ou
não. Contudo, se considerarmos sermos o resultado de nossas experiências
passadas. Todas elas assumem papel sumamente importante em quem somos
atualmente.
Então, torna-se de grande
importância nossa busca em prol do conhecimento pessoal pormenorizado, para sermos
capazes de compreender nossas atitudes. Para assim nos tornarmos aptos a
valorizar e exercer a manutenção delas, para que nos permitam satisfações e
ganhos. Bem como, um olhar crítico àqueles comportamentos os quais nos conduzam
a sofrimentos físicos ou emocionais, para que tal conhecimento possa nos
capacitar à revisão deles e quiçá seu abrandamento.
Importante salientar, contudo,
que tal reflexão não demanda tarefa fácil ou amena. Entretanto, ao assumirmos a
posição de artífices de nossa história, ao buscar formas de compreensão para
quem somos, incorremos na possibilidade de amenizarmos sofrimentos pessoais, estes
talvez classificados como desnecessários. E, desse modo, experimentarmos
prazeres antes deixados de lado em prol de um bem estar, até então, ilusório.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br