Sentir é bom, mas comunicar o
sentimento pode ser ainda melhor. Nem sempre ousamos falar de nossos
sentimentos com a frequência que nos permitiria desenvolver essa habilidade de
um modo mais natural. Ao longo de nosso crescimento com seres os quais
partilham o existir em grupo, somos levados a “omitir”, em muitas ocasiões, o
que sentimos.
Em um momento, quando a força e a
capacidade em lidar com momentos difíceis torna-se um aspecto desejado e, na
maioria das vezes, esperado, a permissividade em sentir e, quiçá, comunicar o
que se sente, torna-se um quesito o qual pode conduzir a uma ideia de fraqueza.
Ou seja, corre-se o risco em não
ser valorizado devido aos sentimentos. Contudo, somos seres que sentem.
Negligenciar esse fato pode nos impelir a um modo de agir o qual tem a
oportunidade de assumir uma forma “agressiva” para conosco.
Em nosso modo de ver e pensar se
faz comum a crença de que, na maioria das vezes, somos vitimados. Isto é,
sofremos influência de situações as quais fogem ao nosso controle. Por isso,
sofremos consequências que consideramos injustas.
Contudo, se nos posicionarmos
como partícipes do processo de nossas opções bem como das escolhas feitas por
nós, nos colocamos também na posição de quem tem o “poder” de administrá-las.
Sendo assim, torna-se primordial a assumpção de uma posição mais participativa
nesse processo.
Desse modo, se nos permitirmos
identificar nossos sentimentos e, o mais importante, se nos habilitarmos a
desenvolver a capacidade em comunicar o que sentimos, poderemos estabelecer
relações surpreendentes. Pelo fato de se estabelecerem em posição de igualdade,
visto que partilhamos de modo uniforme da aptidão de sentir. E, então, não nos
perceberemos como vítimas.
Assim, o constituir-se forte pode
estar em possibilitarmos ocasiões nas quais possamos identificar os sentimentos
envolvidos nos diversos momentos os quais participamos, e dos quais nem sempre
nos damos conta da importância ou da indiferença que constituem. Mas, para nos
tornarmos capazes de identificá-los, talvez seja necessário tolerarmos nosso
envolvimento pessoal e interativo nesse processo. E, assim, nos colocarmos de
modo mais vigoroso no que consiste fortalecer nossos sentimentos e como
permitimos a comunicação deles.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124