A referência ao lado bom da vida
pode conduzir nosso pensamento a locais de veraneio, reuniões com amigos,
viagens agradáveis, entre tantas outras situações as quais nos remetem a
lembranças ou planos, de ocasiões em que experimentam-se prazer e
contentamento.
No entanto, o filme em cartaz nos
cinemas: “O lado bom da vida”, nos apresenta, logo em seu início, uma situação
pessoal e familiar a qual se opõe a ideia que o título incita em nossa
imaginação. Um rapaz com problemas psiquiátricos e com uma situação pessoal
bastante conturbada, devido a eles, retorna ao convívio com os pais. Contudo,
contradizendo as expectativas, o ambiente familiar não aparenta ser o local
ideal para o sucesso da melhoria do jovem. E, ainda, na tentativa de ajuda em
seu processo de recuperação, suas amizades o levam ao contato com uma jovem também
em reabilitação de um problema psicológico.
As relações que permeiam a vida
deste jovem induzem à conclusão da impossibilidade em aventar-se sua
recuperação a contento. No entanto, após diversos contratempos, a jovem amiga
do rapaz o leva a um outro modo de olhar para os acontecimentos a sua volta. Ao
permitir-se um olhar diferente do ocorrido até então, o jovem torna-se “capaz”
de perceber – o lado bom da vida.
O filme reafirma uma questão há
muito ressaltada: o que é bom? Qual seria o lado bom em se viver? Abraham Maslow,
psicólogo, propôs uma hierarquia de necessidades que seriam importantes para ser
possível encontrarmos um equilíbrio psíquico. Isto é, estando tais necessidades
satisfeitas estaríamos aptos a cuidar de nossas questões emocionais.
É comum estabelecermos como
primordial o alcance de algumas metas para nos sentirmos felizes; e essas
metas, em sua maioria, estão de acordo com as necessidades sugeridas por Maslow.
Contudo, elas podem ocupar nosso tempo e energia, a tal ponto de nos privar de
olhar para o que de bom se apresenta no momento.
Ao oferecermos um olhar um pouco
mais generoso à nossa realidade, temos a chance de nos tranquilizarmos em
relação aos nossos sonhos e planos. Heidegger salienta estar o adoecer
conectado ao nosso distanciamento do presente. A história do filme denota a
importância em apreciarmos nossas possibilidades atuais e, então, nos
habilitarmos a ampliar nossas alternativas.
Quando nos permitimos refletir
acerca de nós mesmos damos lugar a uma chance de proporcionarmo-nos a amplitude
de nosso rol de oportunidades. Pois, ao mudarmos o modo como divisamos
determinadas situações, somos capazes de vislumbrar desfechos diferentes para
elas. E, assim, possibilitarmos suscitar “o lado bom da vida”.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
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