Clarissa Pinkola Estés, em seu
livro “Mulheres que correm com os lobos”, destaca ser a nossa grande tarefa
aprender a compreender o que deve viver e o que deve morrer em nosso processo
de existir. Isto é, nos permitirmos habilitar a nós mesmos a distinguir aquilo
que deve “continuar” a fazer parte de nós e o que deve ter “nossa” permissão
para terminar, ou seja, morrer.
Muitas vezes nos sentimos
inseguros diante de situações as quais solicitem algum tipo de “despedida”. A
conclusão de alguma atividade, o fim de um compromisso seja ele de qualquer
ordem, uma mudança na aparência, entre muitos outros exemplos. Porém, o
importante é nos permitirmos uma abertura ao mundo e ao que ele nos apresenta,
de modo a assentirmos o exercício da “separação”. Ou seja, estarmos aptos a
identificar, com o máximo de clareza, a necessidade de mudança.
Contudo, é frequente o conforto trazido
a nós por causa da rotina, (e a filosofia de Heidegger confirma essa afirmação).
No entanto, quando percebemos alguma ameaça a essa rotina é comum buscarmos
formas de protelarmos a solicitação de movimento que a mudança nos convoca.
Viver e morrer faz parte do
movimento de nossa existência. É preciso possibilitar o fim de algo, mas, para isso
acontecer, é essencial nos tornarmos capazes de perceber as razões que nos
conduzem a determinada situação. Assim, proporcionamos chances do novo se
apresentar. Sendo que esse novo pode consistir apenas em uma simples conclusão
em relação a uma experiência vivida.
É comum sonharmos com o
esquecimento das situações mais desagradáveis de nossa história. Desejamos, com
frequência, o desaparecimento de nossa lembrança das passagens constrangedoras vivenciadas.
Contudo, se considerarmos sermos o resultado de nossas experiências, o
desaparecimento de qualquer uma delas representa grande alteração em nosso modo
de ser atual. Se fossemos capazes de “apagar” eventos vividos, não poderíamos
nos esquecer que também mudaríamos o resultado culminante em quem somos
atualmente com todas as nossas habilidades , competências e limitações.
Óbvio é não ser necessário
vivenciarmos todo tipo de situação para termos o conhecimento delas. No
entanto, conceder a nós mesmos a alternativa de valorizarmos o vivido nos
possibilita a oportunidade de estabelecermos uma relação de paz com nosso
passado e suas histórias. Desenvolvendo, igualmente, a capacidade de admitirmos
o movimento de morte e vida que constitui nosso processo existencial.
Portanto, permitimos em um número
maior de vezes nossa chance de acatar as mudanças quando elas se apresentam
como possibilidades. Desse modo, ainda poderemos experimentar os receios
envolvidos na perda de algo. Entretanto, permitiremos o movimento necessário o
qual permite sentirmos o fluir de nosso existir de modo harmônico e favorável
ao progresso do nosso ser.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
Facilmente complicado! Mas, perfeito como sempre! Beijo. Fique com DEUS
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