O filósofo Heidegger afirma estar,
a angústia humana, no deslocar a atenção do presente. Ou seja, focalizamo-nos
de modo exacerbado em situações passadas ou futuras. Isto é, segundo o filósofo,
ao nos preocuparmos em demasia com o que já ocorreu ou com o que está por vir,
experimentamos, portanto, a perda da liberdade de nossa existência. Especialmente
ao ter em vista que, para ele, nossa liberdade consiste em ampliarmos nossas
possibilidades diante das diversas situações vivenciadas por nós.
No processo de nos sentirmos
estáveis acreditamos possuirmos total controle de nosso existir e negligenciamos
o fato de sermos falíveis. Então, nos comportamos de modo a ignorar este fato
e, por conseguinte, experimentamos uma ilusão de segurança não condizente com a
realidade.
Como seres vivos que somos e
dotados de um fim, faz-se essencial não nos mantermos concentrados no fim
quando possuímos possibilidades de experimentar as possibilidades do existir. Contudo,
no processo de nos mantermos estáveis e livres da angústia de tal
possibilidade, em muitas ocasiões, colocamos em prática uma ocupação com
situações as quais sua manutenção não estão ao nosso alcance. Especialmente as
passadas ou futuras.
Tudo o que já ocorreu não é
passível de mudança. Cabe-nos, apenas, a atenção ao que foi vivido para, assim,
aprimorarmos nossas atitudes presentes baseados nas experiências passadas.
Quanto ao que está por acontecer, podemos, a partir das experiências anteriores
tentar a antecipação de suas consequências. E, então, antever os resultados de
nossas ações, e nos possibilitarmos a oportunidade de aumentarmos o número de
alternativas resultantes delas. Porém, nem assim, teremos total garantia desses
resultados.
Então, quando nos tornamos
demasiadamente ocupados com o passado ou com o futuro, experimentamos a angústia
descrita por Heidegger, por não estar ao nosso alcance a possibilidade de amplitude
de opções em torno delas. Desse modo, sofremos.
Por isso, se desejarmos amenizar
nossas dores perante situações das quais não temos pleno controle, necessitamos
exercitar a compreensão acerca delas para, então, mantermos nossa atenção
voltada para as situações mais atuais e que possuam a alternativa de mudança. Assim,
minimizamos a sensação de angústia e permitimos uma possibilidade de reflexão
de modo mais ameno.
Com isso reduzimos as ocasiões em
que experimentamos sensações desagradáveis e mal estares da atualidade como as
síndromes emocionais diversas. E ainda exercemos, como destaca o filósofo
Heidegger, todo o nosso potencial de liberdade ao ampliar nosso rol de
possibilidades.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
Sensacional! Simples e autoexplicativo, porém nossa cabeça insiste em divagar no que já passou e no que está por vir. Trabalhar melhor a mudança de hábito mental de focar mais no hoje.
ResponderExcluirObrigada André!!!
ExcluirFico muito contente que tenha gostado e muito feliz por seu comentário!1
É muito bom quando recebo um retorno tão generoso assim!!
Beijos.
Márcia.
Adorei o texto Márcia... e como é difícil viver só o presente! Beijos!
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