Atualmente é natural ouvirmos
comentários a respeito de diversos modos de ser incomum há tempos atrás. Hoje não
é raro conhecermos alguém que já apresentou ou apresenta sintomas de Depressão,
Pânico, Transtornos de Personalidade como Bipolaridade ou ainda Borderline
entre outros.
Tais nomes assustam e mais ainda
sua atual frequência. Nunca se falou tanto em necessidades de controle de
ansiedade como hoje e, definitivamente todos queremos respostas para descobrir,
como se iniciam tais “distúrbios”?
No mês de dezembro há uma grande
movimentação em torno das festas de final de ano. Amigos-secretos, presentes
para familiares e amigos são a ordem do dia. Todos, de algum modo, presenteiam
e são presenteados.
Há algum tempo minha filha
questionou-me sobre o valor monetário do seu presente de aniversário. Essa
pergunta proporcionou algumas questões: Qual o significado de um presente? Por
que vivemos numa época em que presenciamos tantos casos de ansiedades e
transtornos? Há relação entre essas duas questões?
É comum, nos dias de hoje, agraciarmos
amigos e familiares com os conhecidos vales-presente, o qual o presenteado pode
ele mesmo escolher o seu “presente”, ou oferecermos determinada quantia em
espécie. Isso é um presente ou uma oferta de oportunidade de compra? Uma compra
ocorre quando nos dispomos a ir a algum lugar e escolhermos, nós mesmos, o que
desejamos adquirir.
Presentear envolve certo tempo,
nosso, pensando na pessoa a quem queremos “agradar”. Ao nos dispormos a comprar
um presente para alguém, podemos experimentar alguma insegurança a respeito
daquilo que nosso afeto gostaria de receber.
Porém, se atentarmos para o fato
de que tal presente pode significar um pouco de nosso tempo atentos àquela
pessoa, que, por alguns momentos, suas preferências diversas como roupas,
perfumes, objetos pessoais, comentários sobre suas coisas e situações
preferidas são alvo de nossa atenção. Ou seja, dispensamos um pouco do nosso
precioso tempo “conectados” na pessoa que iremos presentear, de modo que esse alguém
assume, por um lapso de tempo, status de “total” importância para nós.
Será que ao nos dispormos a
pensar desse modo em relação a um presente, o seu significado não será diferente
do valor monetário envolvido em sua compra? Poderíamos, ao adquirir um
presente, tentarmos ver nele não apenas a compra, mas a pessoa envolvida nessa
relação. Pode ocorrer de utilizarmos um pouco mais de nosso tempo no processo
da compra do presente. Entretanto, pode ser que o prazer envolvido nesse
processo nos surpreenda.
Talvez as ansiedades e
transtornos diversos da atualidade podem estar relacionados há alguns
significados que deixamos de apreciar. E, mesmo com incerteza a esse respeito,
podemos começar com um presentear diferente e, quiçá este ato seja apenas o
início de um novo processo de significados diversos a envolver nossa existência
futura.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
Email: marciabcavalieri@hotmail.com
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