É comum ao chegarmos ao final de
um ano iniciarmos uma pequena, ou grande, retrospectiva a respeito do que se
passou durante o ano que finda. Lembrarmos algumas “promessas” feitas ao início
do mesmo. Não raro, também, é nos decepcionarmos com a lembrança de alguns
resultados, mas também, ficarmos contentes em rememorarmos as conquistas
obtidas.
Para algumas pessoas esse
rememorar pode ser mais doloroso e para outras nem tanto. Certamente o fator
relativo a um maior número de sucessos tem relação direta com esse sentimento.
Mas será que é possível olhar para esses fatos de modo a esse momento não ser
tão penoso?
Sempre ao término de um ano, ou
qualquer outro ciclo, seja um curso, ou um período da vida como quando deixamos
de ser crianças para nos tornarmos adolescentes/adultos, ou seja, ao término de
um ciclo é natural experimentarmos uma sensação de alívio por concluirmos algo.
Porém, essa sensação pode vir acompanhada também de tristeza. Pois, a conclusão
de algo significa também o seu fim. Nem sempre nos atentamos para isso, mas é
uma sensação semelhante de quando precisamos lidar com a morte.
Para um novo ano nascer o velho
precisa morrer. Para o adolescente surgir a criança precisa morrer. Para uma
vida nova surgir a antiga precisa morrer. E assim por diante. A questão é, que
ao olharmos para nossas perdas e ganhos ao realizarmos uma retrospectiva, se o
fizermos com a lembrança da necessidade de algo morrer para dar lugar ao novo,
poderemos experimentar uma sensação diferente no que diz respeito, especialmente,
às nossas perdas. Ou mesmo às situações sem uma conclusão que nos satisfizesse
plenamente.
Alguém comentou não encontrar
sentido nos ciclos de semanas, meses e anos que estabelecemos, pois todos os
caminhos levam a um mesmo fim. Esse alguém referia-se à velhice ou mesmo à
morte. Mas se nos focalizarmos somente nesse fim será que seremos capazes de
apreciar ou mesmo perceber a jornada até ele?
Dificuldades, dores e perdas
sempre haverá, mas as alegrias, ganhos e facilidades também. O importante é ao
finalizarmos um ano conseguirmos nos envolver em esperança. Mesmo que esta não
dure muito tempo, mas o suficiente para nos levar a fazer novos planos e novas
promessas. Para permitir mantermos nossas possibilidades em aberto de modo que
nosso existir não se torne estagnado e sem um sentido.
Uma definição que pude rever a
pouco tempo afirma que é loucura fazer algo da mesma maneira, repetidamente, e
esperar um resultado diferente. Então, que o final de 2014 seja repleto de
lembranças boas e ruins. Porém, que elas possam ser a alavanca para novas
decisões e levar-nos a, em 2015, arriscarmos outros caminhos. E, assim,
podermos ter a oportunidade de experimentar outros resultados, se não melhores
ao menos diferentes.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marciabcavalieri@hotmail.com