Alguém comentou que neste ano
está estranho esse período de festas. Estávamos a seis dias do Natal e ela
dizia que as pessoas estavam as mesmas, isto é, não haviam mudado seus
compromissos rotineiros e nem sequer preparavam-se para grandes viagens ou
comemorações.
Em um tempo em que muitas
informações estão disponíveis, há quem afirme que não há sentido em se
comemorar o Natal ao ter em vista o aniversariante não ter nem nascido essa
época. Ou seja, temos acesso a informações cada vez mais precisas. E que
desmentem muitos fatos tornando-os dispensáveis ou sem sentido lógico.
Porém, vivemos também em uma
época em que algo parece sempre faltar. Estudiosos atentam para fatos
diferentes na tentativa de explicações e justificativas para tais sensações.
Mas a questão é: o que falta?
Não raro é experimentarmos, vez
ou outra, uma sensação de vazio, de carência que nem sempre somos capazes de
identificar a origem. Buscamos deixa-la de lado, “escondida” em algum lugar
onde, com o tempo, seremos capazes de esquecer e assim continuar a viver.
Será isso o suficiente? Continuar
vivendo carente de emoções pode tornar-nos indiferentes pelo simples hábito de
buscarmos a indiferença. Nos habituarmos a não permitir sentimentos que nos
remetam a pesares ou a sensações as quais nos façam parecer humanos, pode ter um alcance inesperado e até
indesejado. Podemos nos tornar alheios às emoções desagradáveis. Mas também
podemos permanecer indiferentes a tudo ao nosso redor e, assim, experimentarmos
a sensação de um vazio de uma busca sem nem sabermos o que é procurado.
Em um livro há um episódio no
qual um piloto sofre um acidente em uma montanha coberta de gelo. Ele sobrevive
e sabe que para continuar vivo precisa permanecer em movimento. Deste modo,
coloca-se a andar por mais de três dias. Quando não aguenta mais tem o impulso
de parar e deixar o gelo fazer seu trabalho. Porém, ao lembrar-se de sua esposa
imagina a decepção dela ao saber de sua desistência e isso o faz continuar.
Ao longo do tempo enquanto espera
o salvamento, esse piloto consegue manter-se em movimento. Buscar a cada
momento um sentido diferente para continuar. Estudos afirmam que um animal, por
ser irracional, teria mais chances de sobrevivência por guiar-se somente por
instintos. No entanto, esse episódio nos mostra exatamente o oposto. Por sermos
racionais, seres sentimentais e emocionais, temos um “quesito” o qual nos
permite buscarmos em nós mesmos forças para continuar.
Então, se nesse período de Natal
o impulso de sentir desânimo se fizer presente, uma alternativa é buscar
sentidos para continuar... Nem sempre constitui tarefa fácil essa busca de
sentido que permita a força para continuar. Porém, em uma época de tantas
carências, será que não vale a pena investirmos em sentimentos adormecidos que
permitam experimentar sensações que nos levem ao menos a certeza de estarmos
vivos?
Que neste Natal tenha início uma
busca incansável e duradoura.
Feliz Natal!
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
Email: marciabcavalieri@hotmail.com
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