Diante das diversas solicitações
para “adquirirmos” uma vida satisfatória e feliz, ficamos sujeitos a
experimentar, não em poucas ocasiões, a famosa ansiedade. Famosa porque atualmente é comum
justificar-se quase todos os mal estares relacionando-os a algum tipo de
ansiedade.
Alguns teóricos relacionam
ansiedade e angústia. Na definição do dicionário Aurélio “ansiedade” é uma
sensação de receio e de apreensão, sem causa evidente, e a que se agregam
fenômenos somáticos como taquicardia, sudorese, etc.. E angústia uma ansiedade
ou aflição intensa; ânsia, agonia.
O filósofo Heidegger destaca que
a angústia é o que poderíamos chamar de “combustível” do colocar-se em movimento.
No contato com ela costumamos, primeiramente, ter uma reação para nos levar o
mais distante possível do sentimento de desconforto que experimentamos. E
podemos, então, nos sentir amedrontados diante da situação desencadeadora da
sensação de angústia. O mesmo filósofo, contudo, salienta que ao nos atentarmos
para a angústia, hoje mais conhecida como ansiedade, seremos capazes de, apesar
do sofrimento, ampliarmos nosso rol de possibilidades e nos movimentar em
direção a um objetivo.
Há quem diga que a própria gama
de possibilidades exponencialmente ampliada nos dias de hoje é um dos
causadores do aumento do número de pessoas ansiosas. Mas a questão é: o homem
sempre teve a necessidade de escolher e não há escolha sem angústia devido ao
fato de sempre que optamos por algo, outro “algo” fica desprezado, ou ao menos
inacessível. Isto é, ao escolhermos,
mesmo que ganhemos o objeto de nossa escolha deixamos de lado outra coisa que
também desejávamos.
Não há dúvida, os dias atuais
oferecem diversas oportunidades e a necessidade de consumo faz nossos desejos
serem ampliados a números anteriormente não cogitados. Entretanto, um modo de
lidarmos com esse aumento de opções e solicitações é atentarmos para nosso ser,
conhecer nossas peculiaridades e sermos capazes de, então, sabermos de antemão
o que realmente nos interessa.
É comum sermos levados por
impulsos e anseios que não nos pertencem, e que ao serem atendidos não proporcionam
a satisfação esperada. Por consequência, acabamos por experimentar outro
sentimento, a ansiedade, que pode nos levar a diversos outros caminhos não
desejados. Mas que ficamos a mercê quando não cuidamos de nosso modo de existir
no mundo.
Assim, podemos iniciar o
conhecimento a respeito de nossas ansiedades o do que a manifesta. E, uma vez
de posse desse conhecimento, seremos capazes de assumir o controle dos modos
possíveis de amenizar tal sentimento.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marciabcavalieri@hotmail.com
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