Vivemos preocupados com nossas
responsabilidades: compromissos, contas a pagar, filhos a educar, ou seja,
itens que tornam nossos dias ocupados “em excesso”.
Numa mensagem eletrônica o tema
versava sobre as pessoas que fazem parte de nossa vida. Nessa, destacava-se
principalmente a existência de pessoas as quais passam por nós e que podem
demorar-se ou não. Há aquelas em que a passagem é rápida, mas deixam marcas
“eternas”, ou ficam tempo “demais” por não conseguirem marcar em nada sua
presença. Há ainda, quem deixe saudades com sua partida definitiva. Ou seja, ao
longo de nossa existência estabelecemos diversos contatos de modo que alguns
nos deixam muito saudosos.
O tempo pode, porém, nos fazer
“esquecer” desses contatos que nos deixam saudosos. Talvez seja um mecanismo
para conseguirmos sobreviver à distância de quem, de certa maneira, “alimenta”
o nosso existir. Pois, somos seres sociais e a companhia do outro nos é
fundamental para o desenvolvimento pessoal.
Em muitas ocasiões lamentamos as
saudades, mas nem sempre conseguimos fazer nosso tempo alcançar aqueles
responsáveis por elas de modo a saciar nossa sede de encontro, ou melhor,
reencontro.
Reencontrar nos proporciona no
mínimo uma surpresa. Muitas vezes buscamos uma imagem guardada na memória e, em
algumas ocasiões ela é diferente da real. Mas o reencontro traz uma emoção a
qual nos permite relembrar. E, somente colocamos em prática essa experiência se
nos permitimos nos relacionarmos.
Quando ficamos muito tempo
distante de alguém, não dias ou semanas, mas anos, pode acontecer de não nos atentarmos
ao carinho que sustentamos por esse alguém. Basta um reencontro, no entanto,
para que todos os sentimentos ressurjam. Então, o desejo de usufruir o máximo
possível da oportunidade de estar próximo daquele que é depósito de nosso
carinho nos invade e uma nova separação é difícil.
Vivemos preocupados com nossas
responsabilidades: compromissos, contas a pagar, filhos a educar, ou seja,
itens que tornam nossos dias ocupados “em excesso”. Deixamos para segundo, terceiro, quarto,
quinto... plano, o cuidado com nossas emoções. Aquelas que permitem nos sentirmos
abastecidos para suportar as dificuldades e as solicitações diária.
Uma das principais justificativas
a utilizarmos para adiar os reencontros é não disponibilizarmos de tempo para
tal empreitada. Muitas vezes, ficamos na expectativa de alguém ter a iniciativa
de um movimento para proporcionar uma reunião. Talvez, um dos principais
motivos para não conseguirmos nos mobilizar em prol desse movimento seja nossa
própria desorganização, que não permite distribuirmos nosso tempo de modo
eficaz, para então sermos capazes de proporcionar a nós mesmos os reencontros
que nos abastecem de sentimentos os quais chegamos, até mesmo, a esquecer.
Buscar formas, portanto, de nos
organizarmos melhor para encontrar maneiras de atentarmos para nós mesmos e ao
nosso modo de ser, pode ser uma alternativa para sermos capazes de nos mobilizarmos
em prol do cuidado com nossos sentimentos.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
Email: marciabcavalieri@hotmail.com