A construção de nosso Eu
trespassa as relações de nosso dia-a-dia e ao observá-las podemos conhecer um
pouco mais sobre quem somos.
Desde o momento em que nascemos
iniciamos uma relação com nossos pais ou cuidadores e a partir deste ponto
damos início ao nosso desenvolvimento como seres individuais e interligados. Ao
longo de nossa história de vida diversas pessoas irão participar da construção
de nosso ser. Isto é, quando nos relacionamos com toda a diversidade de seres
ao nosso redor, estamos, a cada momento, adicionando uma nova experiência em
nosso desenvolvimento que será um fragmento de quem seremos como indivíduos.
Podemos ouvir alguém dizer que
sua vida seria diferente se tivesse seguido outro caminho. Com certeza seria
diferente, mas seria melhor? Talvez sim. Porém, uma questão um pouco mais
profunda pode emergir. Ter uma vida diferente nos tornaria outra pessoa? Quem
seria esta pessoa? Gostaríamos dela? Talvez não seja possível responder com
exatidão a essas questões, mas formulá-las nos possibilita olhar de modo
diferente quem somos hoje. E termos capacidade de apreciar essa pessoa que
somos ou de modificá-la, se julgarmos necessário. No entanto é importante
lembrar que toda mudança exige uma iniciativa que nem sempre é fácil, mas que
solicita nossa mobilização.
Interessante chegar a esse ponto.
Porque iniciamos falando sobre nosso desenvolvimento quando em contato com
nossos pais ou nossos cuidadores e isso significa que as relações diversas
fazem parte de quem seremos ao longo do tempo. Sendo assim, o outro tem papel fundamental na pessoa
que nos tornaremos e nem sempre estamos atentos às pessoas com quem nos
relacionamos, nem sempre ouvimos com atenção ou dedicamos um pouco do nosso
tempo em entendê-las.
Como vemos o outro em nossas
vidas? É muito comum nos dias de hoje alguém afirmar não ter tempo ou que está
com pressa e que o tempo não é suficiente para fazer tudo o que deseja. Então,
se não temos tempo para fazer o que queremos obviamente não teremos tempo para
observar o outro. Com certeza vivemos um momento no qual muitas coisas são
exigidas de nós tendo em vista a competitividade que vivenciamos e nos desafia
diariamente. Mas se nos esquecermos do quão importante é o outro em nossa
existência como seremos capazes de termos relacionamentos satisfatórios?
Quando nos relacionamos temos a
oportunidade de nos conhecermos também. Num exercício simples podemos observar
nossa reação diante de um fato corriqueiro ou ainda, diante de uma situação que
exija um pouco mais de cautela na avaliação. A partir de nossas respostas ao
comportamento alheio podemos ter como “termômetro” quem somos naquele momento.
Mas nem sempre estamos aptos em saber quem realmente somos. Porém, se não nos
conhecemos como seremos capazes de solucionar as dificuldades que nos afligem?
Deste modo, quando buscamos
maneiras de nos conhecermos, estamos também melhorando nossos relacionamentos e
por conseqüência nos permitimos olhar e vivenciar experiências que poderão nos
levar a um desenvolvimento de nós mesmos, permitindo o início de uma reforma
interna que poderá culminar em uma satisfação pessoal que contagia todos ao
nosso redor.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga – CRP 06/95124
Email:marciabcavalieri@hotmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário