Atualmente, com as
solicitações comerciais para o prazer imediato associado ao possuir, é comum
não percebermos como chegamos a determinado “ponto”.
As urgências diárias, sejam elas de
médio ou longo prazo, nos levam a focar em um objetivo, e assim não nos
atentamos para o processo envolvido na busca dele. Ou seja, enxergamos a “partida
e a chegada, mas não observamos a paisagem durante o trajeto”.
Em uma palestra a psicóloga
Yolanda Cintrão Forghieri contava sobre o fato de um dia um professor seu
chamar-lhe a atenção para a necessidade em se observar pequenos detalhes; como
o balançar de folhas de uma árvore, ou a satisfação em sanar a sede ao degustar
um “saboroso” copo de água. Segundo ele, ao desviarmos nossa atenção dos
detalhes existentes ao nosso redor, deixamos de apreciar pequenas nuances as
quais poderiam nos surpreender por sua beleza ou, quiçá, pelo prazer que nos
proporcionasse.
Atualmente, com as solicitações
comerciais para o prazer imediato associado ao possuir, é comum não percebermos
como chegamos a determinado “ponto”. Experimenta-se ansiedades das mais
variadas, permeadas de síndromes com nomes cada dia mais sofisticados e
surpreendentes. Busca-se fórmulas mágicas para tudo, desde a cura de uma doença
ao desenvolvimento de um corpo perfeito. O tempo urge e precisamos correr para
alcançarmos sabe-se lá o que. O importante é chegar.
Porém, se voltarmos nossa atenção
ao professor da psicóloga Yolanda e refletirmos um pouco acerca de seu
comentário, poderemos aventar a possibilidade de talvez estarmos deixando
passar algo desapercebido. E, desse modo, perdendo a oportunidade de apreciar
algum detalhe que poderia nos proporcionar alguma satisfação.
As oportunidades de exageros atuais nos
conclamam a nos envolvermos em decisões rápidas, as quais nem sempre
representam o que realmente queremos. Contudo, sem atentar para os detalhes do
processo, podemos não ser capazes de percebermos o que houve.
Então, se nos propusermos a
buscar formas de observar a paisagem durante qualquer trajeto, podemos incorrer
em um grande risco de nos surpreendermos com sua beleza. E assim, diante do
prazer e satisfação, acabaremos por nos “distrair”, talvez chegando ao término
da viagem sem nos darmos conta das dificuldades e desprazeres envolvidos nela.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
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