Ao conduzirmos nossa atenção aos
momentos que nos levam a experimentar algum tipo de dor ou sofrimento, permitiremos
a possibilidade de alcançar mais de um modo de compreensão desses momentos.
A psicóloga e escritora Lídia
Rosenberg Aratangy em seu livro “Doces Venenos” afirma ser impossível acabar
com a angústia e com a depressão. Segundo ela, esses sentimentos fazem parte da
bagagem humana e são passagens obrigatórias no percurso de um desenvolvimento
normal. Não são desvios da rota, mas parte de um trajeto. É uma das condições
do estar vivo.
Essa afirmação da psicóloga pode levar
a refletir sobre a importância de situações as quais nem sempre constituem algo
agradável para nós. Mas, que assumem certo grau de importância em nosso existir,
tanto quanto os momentos prazerosos.
Há ainda uma ideia a respeito do
sofrimento, que o configura como sendo algo a ser evitado a todo custo. É óbvio
não querermos experimentar dor de nenhuma ordem, especialmente a emocional. No
entanto, se esses momentos fazem parte de um desenvolvimento necessário, então,
talvez seja preciso modificar o modo como lidamos com essa condição da nossa
trajetória rumo ao crescimento pessoal.
Ou seja, tratar a angústia e a
depressão como simples malefícios a serem combatidos pode nos levar a perder oportunidades
essenciais de desenvolvimento. No filme “Batman Begins” um personagem afirma que
o motivo pelo qual “caímos” é para nos tornarmos aptos a nos levantar. Isto é,
não desejamos “cair”, mas “caímos”. Então, se estamos sujeitos a tal
possibilidade, importante se faz nosso movimento em prol de aprendermos a lidar
com tal condição.
Contudo, ao conduzirmos nossa atenção
aos momentos que nos levam a experimentar algum tipo de dor ou sofrimento, permitiremos
a possibilidade de alcançar mais de um modo de compreensão desses momentos. E, poderemos
nos orientar de modo a refletirmos a respeito do que nos angustia ou deprime.
Assim, nos capacitaremos a agir em
prol de um conhecimento individual e exclusivo acerca de nós mesmos.
Habilitar-nos-emos, desse modo, a gerirmos a trajetória do desenvolvimento
pessoal ao qual somos convidados.
Portanto, sempre que nos
colocamos em posição de permitir o contato com algo que possibilite nosso
crescimento, ampliamos nossa compreensão acerca de nós mesmos. E, também,
participamos de modo ativo de nossa capacitação para o suporte necessário para
lidar de modo mais brando e amigável com a angústia e a depressão caso elas
venham a participar de nossa “bagagem”.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
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