“Passamos despercebidos por
uma árvore recém florida, ou com suas folhas caídas ao chão formando um lindo e
momentâneo tapete, momentâneo, pois, ao primeiro vento se desfaz. ”
Há quem diga ser necessário mudarmos atitudes,
conceitos, percepções, etc., no entanto, como proceder tal empreitada pode ser
uma questão recorrente. Então, talvez uma reflexão a respeito da maneira como
estamos conduzindo nossa existência possa ser uma forma de tentar alcançar tal
objetivo.
Numa observação simples podemos
notar que histórias envolvendo algum tipo de magia costuma alcançar certo
sucesso desde épocas mais remotas. Basta voltarmos nossa atenção para os
personagens Peter Pan e sua grande companheira a Fada Sininho, que ao adoecer
gravemente é solicitado aos espectadores que manifestem um gesto, o aplauso,
para comprovarem sua crença na existência da magia, de modo que ela possa se
curar.
Então, podemos pensar... onde
está a magia? Como adicionar magia em
nossa existência tão realística? E a resposta para essas questões pode ser que resida
em nossa capacidade em acreditar. E, talvez seja necessário um gesto concreto
para que a magia se apresente para nós.
Numa era onde diversas verdades,
antes indubitáveis, são “destruídas” graças a pesquisas e desenvolvimentos,
parece ser uma árdua tarefa a de acreditar em algo considerado “irreal”. Entretanto,
pode ocorrer de não nos darmos conta de nossa participação diária nesse
processo destrutivo.
Em meio a tantas solicitações de
posturas assertivas, podemos nos ver envolvidos em um pequeno mar de opções que
podem nos atordoar e dificultar uma postura mais autêntica em relação ao nosso
modo de perceber o viver.
Deixamos de lado comemorações
simples como, por exemplo, a chegada das estações do ano. Passamos
despercebidos por uma árvore recém florida, ou com suas folhas caídas ao chão
formando um lindo e momentâneo tapete, momentâneo, pois, ao primeiro vento se
desfaz. Nos presenteamos envoltos num apelo quase que estritamente comercial,
ao invés de buscarmos a “magia” nesse processo, que pode necessitar de nossa
capacidade de observação e aproximação junto ao outro.
Sendo assim, talvez a magia do
olhar seja simplesmente a atitude de olharmos magicamente para as coisas
rotineiras de nosso dia-a-dia. E percebermos que as relações que estabelecemos
com elas depende, especialmente, de nós. E, ao mudarmos nossa atitude
estaremos, por conseguinte, transformando, “magicamente”, nosso olhar.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marciabcavalieri@hotmail.com
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