06 junho 2018

OLHANDO INTIMAMENTE PARA MIM MESMO


Por vivermos em grupo necessitamos do feedback daqueles que convivem conosco. Entretanto, em qual momento esse feedback tornou-se mais importante do que nossa própria opinião a respeito de nós mesmos?

Nossa aparência nunca foi tão importante como atualmente. Quem, ao menos uma vez, não se preocupou com uns quilinhos a mais, ou a menos, uma roupa que não está a contento, ou um cabelo que não permanece como desejamos.
No passado esses fatores poderiam causar algum constrangimento. H oje, entretanto, temos ao nosso dispor um pequeno “arsenal” de opções: cremes, chapinhas, alisamentos definitivos, técnicas e produtos para deixar os cabelos mais ou menos encaracolados, sem contar as alternativas mais invasivas como cirurgias plásticas e métodos médicos para diminuição de gorduras localizadas, entre outros. Certamente algumas dessas alternativas podem oferecer riscos a longo ou curto prazo. Mas a questão é: o que nos incomoda tanto?
Em um extremo podemos encontrar pessoas situadas fora dos padrões atuais. Algumas dessas pessoas podem, inclusive, viver alguns dramas e sofrerem rotulações que são, no mínimo, indesejáveis e extremamente desagradáveis. Porém, rótulos não representam quem somos.
Quando começamos a dar maior importância aos rótulos do que a quem realmente somos? Muitas vezes nos preocupamos em demasia com a opinião das pessoas ao nosso redor. É óbvio que por vivermos em grupo o feedback daqueles que convivem conosco assume certa relevância. Entretanto, em qual momento esse feedback tornou-se mais importante do que nossa própria opinião a respeito de nós mesmos?
Em muitas ocasiões nos esquecemos que a primeira pessoa a precisar estar satisfeita com nosso ser somos nós. O importante é como nos sentimos em nossa própria companhia. Padrões sempre existiram. Contudo, algo parece diferente, hoje parece vivenciarmos a sensação de uma grande insatisfação com a imagem que refletimos.
Será que precisamos mudar como o mundo nos vê, ou como nos vemos? Podemos nos sentir extenuados ou tristes em insistir em alguma mudança a qual não alcançamos. Até que ponto, porém, precisamos mudar? E o mais importante: o que precisamos mudar? Pode acontecer de nos perdermos nessas questões e como, então, encontrar a resposta, se nem ao menos conseguimos identificar qual questão desejamos responder? Muitas vezes o que nos falta é um olhar mais íntimo para nosso ser.
Se temos o intuito de nos sentirmos bem, talvez a solução não esteja em um processo invasivo de uma cirurgia ou em um produto que nos dê uma aparência diferente. Pode ser que o caminho seja uma aproximação nossa para com nós mesmos, permitindo que ao nos conhecermos possamos desenvolver um sentimento profundo de admiração e prazer por quem somos, independente dos padrões sociais.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124


Um comentário:

  1. Sensa! Real... isso nos consome e cada vez mais e mais. Quanto é difícil encontrar as perguntas!

    Estou trabalhando para me encontrar, escutar, mas ô tarefa difícil. Esse texto faz todo sentido.

    ResponderExcluir