É necessário nos permitirmos
alguns instantes nos quais possamos experimentar sensações diferentes das
habituais.
O filósofo Heidegger afirma ser a
rotina a responsável por experimentarmos a ilusória ideia de segurança em
relação à nossa fragilidade. Seres vivos que somos, estamos suscetíveis às
intempéries do existir. Contudo, segundo o filósofo, nos entregamos
à rotina no intuito de “garantirmos” nossa existência por tempo indeterminado.
à rotina no intuito de “garantirmos” nossa existência por tempo indeterminado.
Desse modo, planejamos e programamos
situações diversas e, com isso, estabelecemos um acordo íntimo conosco, o qual
nos possibilita a tranquilidade em relação à probabilidade do nosso fim. Por
essa razão, somos propensos a buscar situações rotineiras e, facilmente, nos
sentirmos confortáveis quando inseridos nelas. Porém, ao nos entregarmos à
rotina também podemos nos expor a um risco. Pois o não permitir um modo de
“despertar” da sequência de atividades as quais nos submetemos, pode nos tornar
autômatos.
Justificamos tais situações com
explicações variadas. Esquecimento, demasiados compromissos que comprometem
nosso tempo, ocupações importantes as quais se sobrepõem a outras de menor
monta, entre outras. O importante é nos sentirmos tranquilos em relação aos
nossos deslizes quando a rotina nos ampara.
Entretanto, há ocasiões nas quais
o nosso deslize pode assumir um valor comprometedor. Até chegar ao ponto de
colocar em risco a nossa integridade física ou emocional, ou de outrem. Quando
isso ocorre pode significar a necessidade de um momento para “despertar” e
rever nosso modo de ser e agir relacionado ao nosso existir.
Esse momento costuma desaparecer
em meio aos nossos afazeres rotineiros. Por isso, é necessário nos permitirmos
alguns instantes nos quais possamos experimentar sensações diferentes das
habituais. Ocasiões de lazer ou algo diferente do costumeiro. Como, por exemplo,
nos permitirmos atentar para algum detalhe mesmo que ele faça parte de nossa
rotina.
Esse detalhe pode consistir em
assistir por alguns segundos o pôr do sol, saborear um suco com calma, apreciar
o cheiro que a chuva faz emergir do chão. Ou seja, algo que nos permita
“desligar o automático” em que nos colocamos quando nos aprofundamos na rotina.
Ao possibilitar momentos voltados
para o nosso próprio bem estar, proporcionamos a amplitude do aprimoramento de
quem somos. Permitimos nosso desenvolvimento pessoal de modo considerável.
Culminando, desse modo, em uma existência com maior plenitude de sentido.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marciabcavalieri@hotmail.com
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