Muitas vezes lamentamos o
desenrolar de um relacionamento e nos questionamos sobre o que fazer, o que
mudar. Nem sempre nos atentamos para o fato de todo relacionamento envolver
trocas. Sejam elas de afeto, conhecimento, respeito ou mesmo dores.
No entanto, é comum nos
esquecermos da troca e lamentarmos de forma veemente a atitude do outro em
relação a nós. Nos esquecemos de que todo movimento requer um “início”. Ou
seja, estamos a todo o momento em contato com quem nos cerca, e esse contato
envolve nossos comportamentos e as respostas que eles ocasionam. Contudo, ao
nos conscientizarmos disso poderemos ser capazes de compreender também estar em
nosso “poder” a possibilidade de mudar uma troca que não nos realize como
gostaríamos.
Uma mensagem eletrônica contava a
situação de uma mulher casada e feliz com isso, mas que sofria com a presença
da sogra em sua casa, devido ao fato de esta tratá-la com aspereza e a criticando
em todos os seus movimentos. Veio ao conhecimento desta mulher, existir um comerciante
de ervas na cidade que poderia ajudá-la a livrar-se do problema: a sogra.
Buscou-o no intuito de adquirir algum veneno para dar fim à vida da mesma. O
comerciante afirmou ser possível tal solução orientando-a a utilizar o veneno
em pequenas quantidades nas refeições da sogra. Porém, alertou-a de que seria prudente
tratar a sogra com carinho e respeito a partir do momento que se iniciasse o
uso do produto, para que na ocasião da
morte da sogra ela não fosse alvo de suspeitas. Assim ela procedeu e após
algumas semanas algo ocorreu que a fez mudar de ideia. Procurou o vendedor e
explicou-lhe que a sogra havia mudado muito e que não desejava mais a sua morte,
pelo contrário, esta havia se tornado alguém agradável para se conviver. Ele
então lhe esclareceu sobre a erva em questão, explicou ser apenas um
fortificante, e que o veneno estava em seu comportamento para com a sogra que,
ao mudá-lo ela também pôde mudar para com a nora.
Da mesma forma que a mensagem
acima sugere, pode estar ao nosso alcance a qualidade dos relacionamentos que
estabelecemos. E, se isso constituir uma verdade, então, está em nosso poder
também a capacidade para escolhermos como eles serão. Sendo assim, lembrando os
filósofos Sartre e Heidegger, somos livres para escolher e para ampliar nosso
rol de possibilidades também.
Então, se nos dispusermos a
“cuidar” da nossa forma de agir quando em contato com alguém, poderemos
alcançar a possibilidade de “controlarmos” como esses contatos serão. E,
adquirirmos a capacidade de estabelecermos relações mais satisfatórias.
Por isso, importante se faz a
necessidade de nos conhecermos, ao ponto de identificarmos como nos comportamos
com nosso círculo de contato, para, desse modo, sermos aptos a exercitar nossas
escolhas. Inclusive, assim, ampliar a gama de opções, em relação ao que
queremos para nós no que concernem os relacionamentos os quais estabelecemos.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124