Há uma referência ao amor materno
como sendo um dos mais puros sentimentos existente. O que ocorre para, de modo
quase unânime, esse pensamento emergir? Qual a matéria prima constituinte de
tal sentimento?
O herói mitológico Hércules induzido
ao engano por influência da deusa Hera mata seus próprios filhos e, experimenta
um remorso imensurável. Então, lhe é oferecida a oportunidade de redenção. Mas,
para tanto, ele precisa executar doze trabalhos os quais irão desenvolvê-lo e
culminar na reparação de seu erro.
Poder-se-ia, nesse momento,
questionar sobre a relação entre o herói e o sentimento materno. Hércules, em
seus trabalhos, tem que sacrificar muitas coisas como: sentimentos, conforto,
aconchego, proteção, etc... No entanto, tudo isso possibilita a ele a
oportunidade de retomar sua vida livre da culpa, isto é, redimido. E a mãe? Como
se desenvolve um sentimento o qual leve a uma crença de que ele constitua um
dos sentimentos mais puros?
Quando uma mulher espera um filho
é comum idealiza-lo, imagina-se como ele será, o que fará e quem será. No
entanto, ao nascer, esse filho confronta toda essa idealização e lhe apresenta
a realidade que, frequentemente, é diferente do imaginado. Não melhor ou pior,
apenas diferente.
Mas, essa mãe sacrifica seu sonho
para acolher e aceitar o filho que a realidade lhe impõe. Nesse momento começa
a brotar o sentimento tão valorizado por todos. Isto é, um amor que nasce do
sacrifício do abrir mão do ideal pelo real. Então, do mesmo modo que o herói a
mãe transpassa o sacrifício para o desenvolvimento de algo mais nobre.
Vivemos atualmente algumas
situações que nos permite não nos surpreendermos. Ou seja, temos um arsenal para nos possibilitar
o contato com o real, muitas vezes, antes mesmo da “realidade” se impor.
Uma amiga contava a respeito de
uma noiva, a qual teria tido acesso a imagem da igreja na qual seria celebrada
a cerimônia de casamento dela, quando ainda se encontrava no veículo que a conduzia
ao local. Desse modo, esta noiva não vivenciou a possibilidade de se
surpreender com os arranjos e a disposição das pessoas na igreja. Isto é, não
houve um confronto da idealização com a realidade “in loco”. Será que a
surpresa com a imagem do local não poderia lhe oferecer algum sentimento
diferente?
Não temos como saber. Podemos,
contudo, refletir a respeito de como procedemos com as diversas situações
vividas. E, nos questionarmos se nos permitimos o confronto de nossos ideais
com a realidade. E, ainda, se possibilitamos algum tipo de sacrifício para os
sentimentos nascidos do confronto serem fortalecidos por ele.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
Que texto bom! possibilita várias reflexões..
ResponderExcluirNão creio que amor tenha nada haver com sacrifício, o amor é uma construção social e se apresenta em cada época de uma maneira diferente.Desde o século XIX vivenciamos ainda o amor romântico que é feito de idealizações e expectativas que consequentemente trás cobranças e decepções .
Já o amor de mãe é construído por movimentos como: vínculo vivencias e sentimentos que flutuam juntos no desenvolvimento pessoal de cada um e em toda historia da humanidade
bjs maria
Obrigada por seus acréscimos Maria.
ResponderExcluirBeijos.