Atualmente há uma movimentação
quase generalizada em prol da aparência com demasiadas regras e padrões. O despertar
de preocupações com peso, constituição de pele, cabelo, vestimentas, entre outros. Contudo, em meio a esse rol de aspectos pode
ser deixado de lado um importante fator referente a aparência: o olhar.
O olhar é permeado de
significados. Ou seja, algo assume determinada qualidade, mais ou menos
agradável, de acordo com sua representação para nós. Isso ocorre até mesmo com
as tonalidades das cores que não constituem as mesmas para todos. Sendo assim,
não se pode abandonar a ideia de que na busca de uma aparência a qual harmonize
com nossas expectativas, é necessário atentarmos para a representatividade dela
para nós ou para outrem.
Não é raro alguém insatisfeito
com sua própria aparência buscar amparo na opinião alheia. Contudo, em muitas
ocasiões, ocorre de predominar uma insatisfação pessoal um pouco além do
próprio aspecto. Na busca de uma aparência “perfeita” nos esquecemos de cuidar
de nossa essência e de buscarmos distinguir o que queremos.
Em muitas ocasiões somos
envolvidos no “fluxo” no qual estamos imersos. E, diante de nossa rotina
atribulada e de nossas necessidades pessoais, relegamos a um segundo plano o
cuidado com quem somos e quem desejamos ser. Nos tornamos nossos piores
algozes, avaliando, julgando e condenando a nós mesmos à parte de um critério
mais “justo”. Proporcionamos, desse modo, um sofrimento, muitas vezes, dependente
de nós para ser mitigado.
É de suma importância a
satisfação consigo mesmo. Contudo, se faz ainda mais essencial a ciência de
quem somos e do que tem real valor para nós. O que nos traz satisfação e até
que ponto se faz necessário mudarmos ou não.
Toda mudança demanda iniciativa e
empenho. Porém, envolve também a capacidade em suportar o abalo que ela traz
consigo. No momento em que optamos por mudar algo em nós é necessário estarmos
cientes de que ocorrerá um grande movimento ao nosso redor. Isto é, nosso
deslocamento acarretará, no mínimo, estranhamento àqueles partícipes do nosso
convívio.
Sendo assim, se faz essencial o
cuidado com quem desejamos ser. Para, munidos do conhecimento de nossos desejos
em relação a nós, possamos acionar os mecanismos necessários para a obtenção de
nossa busca.
Por isso, se torna indispensável
um olhar cuidadoso e atento para nossas particularidades e para quem somos. E, assim,
nos habilitaremos a escolher a direção a qual desejamos seguir em prol do que designamos
como importante para nós.
A noção de que quem somos e como
somos está diretamente relacionada com quem desejamos ser e como expressamos
quem somos. Dessa forma, quando nos dispomos a fazer uso de mecanismos os quais
nos permitam nos conhecermos, nos tornamos, por conseguinte, um pouco mais
libertos das amarras que as demandas as quais envolvem regras e padrões nos
aprisionam.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
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