Atualmente um tema bastante em
voga é a ansiedade e suas consequências complicadoras nos relacionamentos
diversos. Porém, não se pode deixar de atentar para atitudes egoístas as quais
permeiam muitas situações relacionadas à ansiedade. Isto é, o sentimento
experimentado em não estar presente em determinado evento, pode apenas
representar a dor conectada à preocupação consigo mesmo ao “perder” algo que
outro alguém possa usufruir.
Numa sociedade individualista
como a atual e que resvala no hiperindividualismo, termo difundido pelo
sociólogo e escritor Zygmunt Bauman, presenciamos atitudes detonadoras de uma
grande desatenção no que diz respeito ao outro. O autor afirma que algo somente
irá nos interessar se o evento estiver conectado diretamente a nós.
Em algumas ocasiões pode-se
perceber alguém conversar com outra pessoa, mas sem a “ouvir”. Ou seja, há um
diálogo, mas a atenção está voltada somente para si mesmo, ao ponto de quando o
assunto não diz respeito diretamente a ela própria ocorrer um “desligamento” da
atenção. E assim, nenhuma informação referente ao tema diferente do “Eu” é
assimilada.
Devido aos conclames sociais
atuais podemos ser levados a assumir um modo de ser voltado para nós mesmos. No
entanto, se não houver um cuidado a esse respeito, corre-se o risco em dar
vazão a uma atitude egoística, muitas vezes inclusive egocêntrica, que conduz a
uma forma de relacionar-se na qual o outro assume papel secundário. Ao ponto de
não nos interessar seus interesses, desejos e quiçá acontecimentos relacionados
exclusivamente a “ele” ou “ela”.
Sendo assim, um exercício no
intuito de perceber o outro de modo mais eficiente, pode constituir uma boa
possibilidade de estabelecer relacionamentos para satisfazerem de modo mais
eficaz nossa necessidade de completude. E, desse modo, experimentar-se em um
número bem mais reduzido de vezes a ansiedade, que pode estar conectada a
sensação de distanciamento nos relacionamentos que não representam ligações
seguras.
Lamentamos sensações de solidão e
incompreensão. No entanto, pode ocorrer de estar em nós e não no outro a
possibilidade de mudar a forma como nos relacionamos, de modo a proporcionar
sensações de completude mais eficientes e duradouras nos relacionamentos
diversos que estabelecemos.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
Ótimo texto. Explica alguns sentimentos que tenho com relação às minhas ansiedades.
ResponderExcluirQue bom que gostou André!!!
ExcluirNa verdade explica muitas das ansiedades de todos nós!!!
Muito obrigada pelo retorno.
Beijos e bom dia!!
Como sempre, perfeito! Ouvir, ver, escutar, observar, sentir, me colocar no lugar do outro. Faz diferença. Saudades Mestra. Fiquem com DEUS
ResponderExcluirObrigada Normando!!
ExcluirÉ sempre muito bom ter seu retorno!!
Abraço e boa semana!
Márcia.
Com o seu texto me veio algumas questões a cerca do meu recém relacionamento. Discuti com meu parceiro porque ele não me ligou e ele me respondeu:.."mas você também não me ligou...". Fiquei pensando se é egoísmo meu esperar ele demonstrar mais proatividade, ou se eu posso fazer mais vezes essas demonstrações :/
ResponderExcluirParabéns Márcia..
Algo importante em se ter em mente é que sempre há trocas nos relacionamentos, sejam de qualquer natureza.
ExcluirEntão, se nos conscientizarmos disso, estaremos sempre recebendo, esperando receber, mas também, oferecendo.
Abraço.
Márcia.