Isso ocorre por várias razões, e
para cada um há um motivo em especial. No entanto, podemos levar em conta
alguns fatores para “especular” sobre o que ocorre com a maioria.
Heidegger, filósofo, afirma que
nos apegamos à rotina para nos desvencilharmos da lembrança de sermos mortais.
Isso ameniza nossa angústia sobre a certeza de um fim inevitável. No entanto,
torna-se um problema quando nos envolvemos na rotina a tal ponto que nos
iludimos sobre a certeza da “imortalidade” a qual é irreal.
Vivemos num momento social onde
há uma grande ausência de significados. Isto é, na ânsia de nos envolvermos com
a rotina que nos “acalma” em relação a nossa finitude, também nos permitimos
envolver pela solicitação social do possuir.
Zygmunt Bauman, sociólogo,
destaca vivermos um momento de praticamente total liquidez, especialmente das
relações. O consumo de tudo, inclusive dos relacionamentos, nos leva a
experimentar uma falta a qual não somos capazes de sanar.
Então, talvez a esperança e as
emoções coletivas se manifestem de modo tão acentuado nessa época de
festividades devido ao fato de o comprar ter um significado diferente do
simples possuir. Pois, em sua maioria, representa a tentativa em agradar
alguém.
O presentear, em um primeiro
momento, significa que nos “pré-ocupamos” com alguém ao ponto de buscarmos algo
que possa deixar esse alguém feliz. Tal comportamento nos aproxima da essência
de nossa existência a qual consiste em nos relacionarmos uns com os outros de
modo pleno.
Desse modo, um período em que
somos levados a olharmos uns para os outros de uma maneira diferente da
habitual, nos proporciona também o contato com emoções as quais passam
despercebidas na rotina do dia-a-dia. E isso traz à tona esperança e emoções
adormecidas que, por apresentarem-se de modo tão intenso, tornam-se quase que
coletivas.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
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