Dor, saudade, amor... muitas
pessoas se perguntam como é possível alguém desenvolver um sentimento tão
grande em relação a um pequeno “animal” com o qual se convive alguns “poucos”
anos.
Há onze anos trouxemos essa
pequena bolinha de pelos branca, tão meiga que não caberia outro nome que não
fosse doce como ela – Mel. Ela chegou assustada, insegura e totalmente sem
saber onde estava. Se saíssemos de perto dela muito depressa ela ficava parada,
pois não sabia onde tínhamos ido. Ela não conhecia sua nova casa ainda.
Fomos orientados a sermos firmes
com ela para que aprendesse as “regras” da casa, dentre elas a de dormir
sozinha em seu espaço. Obviamente nosso
docinho de mel chorou a noite toda até que cedemos e permitimos que ela dormisse
no quarto da mamãe e do papai. As outras regras aprendeu como ninguém. Sempre respeitou nosso espaço, desde que ela
estivesse junto, de preferência no colo e recebendo seu carinho. Seu corpinho
quente era mais que aconchegante, era a pura sensação do amor incorruptível.
Um dia começou a ficar doentinha,
ainda novinha iniciou suas convulsões. Após
alguns anos e poucos médicos interessados verdadeiramente em seu bem estar de
vida, encontramos a Dra. Bianca que mais que tudo preocupava-se com a sua vida
e não somente com sua doença. Junto com o nosso grande amigo Dr. Celso Carvalho, minimizamos
os efeitos do fenobarbital (gardenal) com a homeopatia e ela vivia como um bebê
de 11 anos. Difícil fazer alguém acreditar
em sua idade já que era sempre tão jovial.
No entanto, a maior
característica da Mel era sua capacidade de despertar o melhor de qualquer um
que se aproximasse dela. Meiga, dengosa, carinhosa, gentil mesmo quando nos
mordia, a não ser quando brincava com a Bia, afinal eram “iguais” em todos os
sentidos. Ao ponto de sentir-se livre
para estar em seu quarto mesmo quando ela não estava lá, o que não acontecia
nem com o quarto da Camila nem com o do papai e da mamãe.
Adorava brincar com a Camila,
especialmente quando já era bem tarde da noite e ela estivesse cansada para
jogar o “tigrão” para ela. Mas isso nunca a impediu de atender seu pedido e
brincar com ela alegremente até que se cansasse e ficasse com o bichinho
somente para ela como quem diz: ok Camila, já brinquei, agora pode me deixar em "paz”.
O papai diz que depois da Mel é
comum tomar a atitude de conter o trânsito com seu carro na estrada para
impedir que qualquer veículo machuque algum cachorrinho mais confuso no meio da
rua. O amor por ela não permitiria que deixássemos um dos seus se ferir sem
fazer algo para tentar impedir.
Enfim, por alguma razão o
universo entendeu que seu tempo tinha sido o suficiente conosco. Claro que não concordamos,
queríamos ela por perto mais uns... 100 anos. Porém, compreendemos, ou não, mas
o importante é que jamais será esquecida. O amor que nos ensinou é indescritível.
Então, se alguém se pergunta como
se pode amar um ser tanto assim, não sei explicar. Infelizmente ou felizmente a
Mel somente nos ensinou a sentir. E pôde, desse modo, partir em sua posição
preferida, no colo da mamãe e cheia de carinho e amor. Um dia nos
reencontraremos Mel.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
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