Presenciamos na atualidade um
aumento relacionado a distúrbios de ordem emocional, tais como ansiedade,
pânico, estresse entre outros. O que tem acontecido para o surgimento de tantas
desordens emocionais? Se sentimos uma dor em nosso corpo e o responsável médico
não consegue detectar a causa recebemos a resposta – provavelmente seu mal
constitui algo relacionado ao seu estado emocional, ou você deve estar vivendo
um momento de estresse, precisa diminuir o estresse em sua vida. Fácil não?! É
só diminuir o estresse e pronto!
A sociedade
competitiva em que vivemos exige de cada um de nós o melhor, mas em muitas
ocasiões isso não é o bastante, pois deve-se ter um diferencial para atuar no
mercado de trabalho e na vida de maneira autossuficiente. Com isso, pode não haver
oportunidade para valorizarmos o equilíbrio emocional, considerando-o um
quesito de menor importância em todo esse processo.
Sendo assim, a
busca por alternativas que auxiliem na conquista de tal equilíbrio, nem sempre
possui um lugar de atenção em nosso dia-a-dia. Entretanto, muitos estudos têm
comprovado que ser possuidor de tal equilíbrio disponibiliza maiores chances em
se obter um desempenho melhor em todos os âmbitos da vida, seja ele
profissional, familiar ou acadêmico.
Somos,
a todo momento, convidados a desenvolvermos diversas “perfeições”. Não basta
sermos bom no que fazemos, precisamos ser os melhores. O mundo oferece
oportunidades a quem se destaca, porém não há como obtermos a garantia de que temos
contato com o melhor. No entanto, ainda assim buscamos incansavelmente este
melhor e com certeza somos cobrados a oferecer o melhor de nós também, ou seja,
cobramos e somos cobrados.
A
partir de nosso nascimento somos arremessados em um mundo “exigente e cruel”. Contudo,
será esse mundo tão cruel e tão exigente como às vezes podemos percebê-lo? Estudos
afirmam que nosso olhar é repleto de filtros que desenvolvemos ao longo de
nossa existência através das experiências que vivemos. Esse filtro denota não haver
um olhar neutro e objetivo. Nossas emoções e vivências estão sempre permeando a
interpretação daquilo que vemos. A cor azul ou rosa que enxergamos não tem a
mesma tonalidade de cor azul ou rosa vista pelo nosso vizinho, nosso amigo,
nosso filho, nosso companheiro, etc.
Ou seja, as experiências que
vivemos ao longo de nosso desenvolvimento, sejam elas agradáveis ou não,
permeiam todos os momentos de nossa vida. Em cada contato visual que estabelecemos
está presente o acúmulo do que vivemos, resultando em uma lente que permeia a
forma como interpretamos a realidade na qual estamos inseridos e que se
apresenta a nós em determinado momento.
Entretanto,
somos escravos dessa lente? Até que ponto podemos mudar a imagem que essa lente
nos mostra? O filósofo Jean-Paul Sartre afirma que nós somos condenados à
liberdade, isto é, somos livres para escolher, porém, condenados às consequências
dessas escolhas.
Sendo assim, podemos escolher
mudar nosso olhar ou a lente que o cobre, mas é sensato ter a consciência que
isso não consiste em uma tarefa fácil, mas possível. E o importante é a lembrança do – possível.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga – CRP 06/95124
E-mail: marciabcavalieri@hotmail.com
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