Em muitas oportunidades nos
sentimos tranqüilos diante da estabilidade de nossas vidas. Seja com um emprego,
um relacionamento duradouro, o amor dos filhos, a companhia de um amigo, uma
casa confortável, a rotina diária, ou outras situações as quais nos
proporcionam o conforto da confiança de termos alguma previsão do que virá a
seguir.
No entanto, podemos saber
realmente o que virá a seguir? Por exemplo, quem nos dá a garantia de
conseguirmos levantar da cama pela manhã, e andar? O que nos dá a certeza de
podermos contar com tudo o que cerca nossa rotina diária? Se pensarmos com
profundidade não há como possuir essa garantia, nós apenas confiamos que será assim.
Estamos, a todo o momento, sujeitos a diversas intempéries e essas,
definitivamente, não estão sob nosso controle. Mas até que ponto isso pode ser interpretado
como um problema?
Em todas as situações há ao menos
duas possibilidades: dar certo ou dar errado. É óbvio que pode haver variações
ou nuanças nessas duas alternativas, mas geralmente é assim: Ou uma ou outra. Se
há ao menos duas opções, como seria se tentássemos ver essa “instabilidade”
como algo positivo? Alguém me disse que a rotina cansa porque não surpreende.
Se pensarmos um pouco não teremos dificuldades em localizar momentos muito
agradáveis em nossas vidas e associarmos esse evento agradável a uma surpresa,
isto é, algo que não constava de nossa rotina.
Então, lembrando o filósofo
Heidegger, a rotina é necessária, pois nos permite nos sentirmos confiantes de
estarmos vivos no dia seguinte. No entanto, ao mesmo tempo, a incerteza nos dá
opções que não temos quando tudo está previsto. E isso não significa precisarmos
abandonar todos os nossos compromissos, mas que há necessidade de olharmos para
eles como uma parte de nossa existência e não sua completude.
Em muitas ocasiões permitimos nos
tornar aquilo que fazemos e que temos. Experimentamos o sentimento de segurança
e isso é algo muito bom. Mas, se entendermos que essa estabilidade da
continuidade pode ser alterada, estaremos “preparados” para as surpresas, sejam
elas agradáveis ou não, pois essa “preparação” nos permitirá uma análise um
pouco mais nítida da situação.
Deste modo, buscar maneiras de
nos tornarmos mais atentos à nossa realidade é algo de fundamental importância
para a manutenção de nossa “estabilidade”.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marciabcavalieri@hotmail.com
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