Podemos almejar mudanças em vários
aspectos. Mudar um móvel de lugar e nos sentirmos em um novo ambiente. Ou, mudar
um estilo de roupa e olharmos para uma nova pessoa diante do espelho. Entretanto,
há diversos âmbitos de nossa existência que podem beneficiar-se, de algum modo,
com alguma mudança.
É comum, nos dias de hoje, ouvir
falar em reforma íntima. Mas o que seria
essa tal reforma íntima? Uma mudança
interna. Certo, e como poderia acontecer tal mudança? Normalmente falaríamos em
remodelar pensamentos. E novamente, como isso pode ocorrer? Como remodelar
nossos pensamentos, nosso modo de ver as situações cotidianas e as mais específicas?
Tudo começa por uma decisão:
Querer mudar. Quando nos deparamos com uma sugestão de mudança em algo simples
em nossa rotina podemos nos sentir inseguros, em dúvida. Alguns autores, entre
eles Heidegger, argumentam sobre a necessidade de buscarmos uma estabilidade
para nos sentirmos seguros, isto é, buscamos tudo que permaneça estável, para
continuar o mesmo, a rotina, para nos sentirmos em “terreno firme” e, desta
forma, sentirmos segurança. A mudança gera desconforto, o novo nos assusta, em
um primeiro momento; e nem sempre estamos dispostos a investir nesse
desconforto.
Se imaginarmos um pouco a
respeito podemos pensar numa situação em que não movimentamos nossos pés. Ficaríamos
sempre no mesmo lugar e em algum momento poderíamos nos sentir cansados da
mesma paisagem o tempo todo, tendo em vista sermos seres que se compraz com o
novo. A rotina nos dá segurança, mas também nos cansa. Podemos pensar em algo
semelhante acontecendo com nosso modo de ser. Poderíamos nos cansar de
reagirmos sempre da mesma maneira nas diversas situações, especialmente naquelas
em que não nos sentimos satisfeitos com o resultado.
Estamos acostumados com nosso
modo de ser e reagir e isso nos proporciona certo conforto. Porém pode gerar
estagnação e em alguns momentos descontentamento. Quantas vezes nos encontramos
em determinada situação e gostaríamos de ter reagido de modo diferente, ou
mesmo nos deparamos em uma circunstância com o desejo de ter a capacidade para
ponderar antes de ter uma reação automática. No entanto nem sempre somos
capazes disso, e podemos então experimentar a decepção conosco e com nosso modo
de agir.
A angústia diante do novo e o
medo de mudar podem assustar, mas arriscar-se, colocar-se em uma situação
diferente pode proporcionar uma sensação de vivacidade, de liberdade. Como se
tomássemos as rédeas das situações e nos tornássemos escritores de nossa
própria história.
Algumas pessoas afirmam que estas
mudanças são mais fáceis quando ainda se é jovem. Talvez sim, mas talvez não. A
única maneira de descobrir é experimentar e uma mudança como essa pode nos
surpreender, seja em que tempo for. Ou seja, a sorte está lançada, estamos
vivos!
Márcia A. Ballaminut
Cavalieri
Psicóloga – CRP 06/95124
E-mail: marciabcavalieri@hotmail.com
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