Arriscar-se para sentir-se vivo.
Não há prazer sem riscos. Essas frases de vez em quando “cruzam” o nosso
caminho. Não é raro nos depararmos com uma frase dessas e nos questionarmos
sobre sua autenticidade ou, ainda, se deveríamos nos movimentar em prol do
objetivo que elas propõem.
Para nos sentirmos vivos é
preciso nos arriscar? E o prazer? Acontece somente acompanhado pelo risco?
Heidegger, filósofo, afirma que estamos constantemente sob o risco da morte,
isto é, todos nós estamos fadados a morrer e, deste modo, sobreviver é um risco
assumido no nascimento. A cada dia pode ocorrer de nos separarmos de tudo o que
amamos ou ainda, de nos afastarmos em demasia daquilo que desejamos. O risco,
deste modo, está presente, seja no prazer ou na ausência dele.
Passamos muito tempo de nossa
existência nos questionando sobre deveres, obrigações, felicidade ou
infelicidade. São todos questionamentos muito importantes para nossa
convivência em grupo, forma de vida na qual estamos inseridos. Mas uma questão
nem sempre abordada por nós é: qual o nosso
desejo? O que queremos profundamente?
No atropelamento dos nossos afazeres, encontros e desencontros nem sempre
atentamos para aquilo que desejamos fazer, ser ou ter.
Entretanto, se pensamos em buscar
a satisfação de tal desejo pode ocorrer de nos amedrontarmos, diante dos riscos
em potencial que a busca dessa realização pode oferecer. Não podemos nos
confundir com prazeres imediatos, os quais criamos para nós ou que a mídia nos
induz a acreditar serem nossos desejos.
Há um desejo mais profundo e mais autêntico o qual produz uma sensação de
prazer que a aquisição de uma roupa, um carro ou um sapato novo não oferecem.
Somos mais complexos que um
simples consumidor. Nosso ser solicita de nós autenticidade, isto é, sermos
compatíveis com o que sentimos e fazemos. Porém nem sempre nos permitimos
identificar em nós o que sentimos ou ainda, o que desejamos. Deste modo,
protelamos cuidados conosco que, apesar de essenciais, são revogados a um plano
onde não há espaço e nem tempo para questionamentos.
Ouvimos, aqui e ali, alguém
lamentando sobre sua insatisfação com algo que não sabe bem o que, ou outra
pessoa desanimada sem identificar com certeza a causa. Essa insatisfação e
desânimo podem ter início na desatenção para nosso íntimo. Sempre que
permitimos a nós mesmos um cuidado atencioso com quem somos e ao que desejamos,
corremos o risco de encontrarmos
satisfação e ânimo para continuarmos um caminho que culmine na compreensão de quem
somos e o que queremos e, por conseguinte, podemos ser apresentados à
satisfação e ao prazer.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
Email: marciabcavalieri@hotmail.com
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ResponderExcluirMinhas congratulações , blog ótimo! Conteúdo de qualidade, muito bem escrito. Concisão ímpar, nossa, incrível. Espero um dia chegar a este nível. Ganhou um leitor, haha.
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