Algumas vezes imagino estarmos em
uma roda, a roda da vida. E esta roda gira numa velocidade que não nos permite
enxergar tudo que está ao nosso redor. De repente algo acontece e nos vemos em
uma situação difícil, desagradável, beirando o insuportável. Somos, assim,
obrigados a parar e olhar com atenção. Neste momento costumo pensar que fomos
obrigados a deixar a roda e a olhar para tudo que está ao nosso redor, desse
modo vemos as opções que temos e podemos, então, decidir por qual caminho
seguir.
Talvez se olhássemos os pequenos
detalhes em nosso dia-a-dia não precisaríamos de situações difíceis para nos
tirar da roda. Entretanto, tal prática ainda não constitui uma rotina para nós.
Sendo assim, “precisamos” de situações as quais nos proporcionem a parada, às
vezes, brusca para observarmos o que acontece e os pormenores envolvidos nas ocorrências
ordinárias em nossa existência.
O filósofo Sartre afirma sermos
condenados a liberdade, pois somos impelidos a optarmos por uma ou outra
alternativa a todo o momento. Contudo, somos obrigados a lidar com as consequências
de tais escolhas. Outro filósofo, Heidegger, diz que nossa liberdade consiste
em aumentarmos o número de alternativas disponíveis para, então, fazermos nossa
opção.
O inconveniente ocorre quando
cremos na irrealidade dessa liberdade. Nessa
ocasião somos levados a nos portarmos como vítimas das situações e nos
sentirmos “obrigados” a ter atitudes as quais não desejamos. É nesse momento em que os adoecimentos
diversos podem se manifestar, tanto os físicos, que são mais aparentes, como os
psicológicos e emocionais, que podem aparecer disfarçados em palavras ações.
Ao permanecermos enraizados nesse
pensamento podemos cristalizar comportamentos os quais nos parecem rotineiros e
insignificantes. Mas que podem tornar-se escandalosamente nítidos para quem se
encontra próximo de nós.
Então, o importante é não perder
de vista a realidade de nossa liberdade, para que não iniciemos um processo no
qual nossas ações e palavras tornem-se tão cristalinas para os outros que
possam ocasionar consequências mais avassaladoras do que poderíamos considerar possível,
levando-nos a perdas, muitas vezes, irreparáveis.
Por isso, a consciência de nossa
liberdade em ampliarmos nossas possibilidades e a responsabilidade pelas consequências
advindas dessas escolhas podem, em um primeiro momento, nos assustar. Mas, a
prática rotineira de atentarmos para nossa liberdade pode nos proporcionar um
desenvolvimento pessoal surpreendente.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga – CRP
06/95124
E-mail:
marciabcavalieri@hotmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário