O conhecimento acerca de nós possibilita uma melhor
definição de nossas necessidades.
Costumamos afirmar termos a
necessidade de fazer algo ou de alcançar determinado objetivo. Temos metas a
atingir e nos voltamos ao resultado com todas as nossas forças. Porém, algumas questões
podem ser feitas: de onde veio essa necessidade? Será que as nossas
necessidades foram pensadas por nós, ou simplesmente nos deixamos levar pelas
sugestões e solicitações externas, ou seja, pelas relações que temos com o
mundo e com os outros?
Não é raro nos envolvermos em
determinado projeto de vida e não atentarmos ao modo como chegamos a ele. Não
pensamos de modo a refletir nos reais motivos os quais nos levaram a
determinada decisão. Nos habituamos ao modo como vivemos, às decisões sem
atentarmos para as particularidades envolvidas nas consequências delas.
Vivemos em uma cultura na qual o
fazer é mais importante que o pensar – “De pensar morreu um burro”, frase
repetida diversas vezes por nós e que, se refletirmos sobre sua “mensagem”
podemos concluir que devemos deixar de lado o pensar, pois é tarefa de quem não
tem o “privilégio” da inteligência. Podemos e devemos fazer uso da memória que
temos e assimilar o maior número de informações possível, mas pensar sobre elas
é algo dispensável.
Quando pensamos sobre nossas
necessidades observamos, por consequência, as possibilidades que nos cercam. A
psicóloga Ana Maria Feijoo afirma que o movimento necessidade-possibilidade é
indispensável para que não fiquemos aprisionados naquilo que o social e as
normas “mandam”. Então, é preciso que pratiquemos o pensar em nossas
necessidades e nas possibilidades diversas para que continuemos nos
movimentando e, dessa forma, nos desenvolvendo continuamente e nos permitindo
mobilidade diante dos fatos e situações.
Se não nos arriscamos a pensar
corremos o risco de nos prendermos ao necessário estabelecido externamente a
nós. Isto é, se não analisarmos quem somos e o que queremos não temos como sermos
senhores de nossas escolhas. E assim, nossas necessidades não possuem solidez,
mas fragilidade diante da ilusão de uma necessidade que pode não pertencer à
nossa realidade.
Ao colocarmos em prática a nossa possibilidade
de cuidar de nós e de nossas escolhas, assumimos uma postura de confiança nos
resultados que somos capazes de atingir. Com isso, permitimos que nosso rol de
possibilidades se torne cada vez mais amplo e nossas decisões mais prazerosas.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
Email: marciabcavalieri@hotmail.com