Quando um final é inevitável, o tempo pode ser um acalento.
Ao nos depararmos com algum tipo
de separação definitiva somos “apresentados” ao luto. Isto é, a tristeza
conectada a perda a qual fomos submetidos e o tempo necessário para nos refazermos
dessa dor.
Em nossa sociedade atual o
presenciar a dor pode constituir algo da ordem do dispensável. O ideal, ou
seja, aquilo que representa o mais adequado na ordem geral, é que tal dor ocorra
por um espaço de tempo tal que não desperte consternação em qualquer outro que
participe de nosso convívio. Pois, se não nos é simples lidar com nosso próprio
luto, mais difícil será o lidar com o de outrem.
Entretanto, o tempo necessário
para que a dor da perda possa ser amenizada não é algo possível de ser
mensurado de maneira geral para todos os indivíduos. Cada um de nós tem sua
própria maneira de lidar com sua própria dor e o tempo necessário para isso não
constitui regra que pode ser generalizada de modo absoluto.
Sendo assim, pode ser uma tarefa
razoavelmente difícil respeitar o tempo de luto daqueles os quais fazem parte
de nossa rede de contato, tendo em vista que nem sempre estamos aptos a
suportar a dor alheia sem que nos cause algum tipo de constrangimento, do qual,
consciente ou inconscientemente tentamos nos afastar.
Quando em contato com a nossa
perda, buscamos modos extremamente particulares de lidar com ela. No entanto, a
dor do outro nem sempre nos é compreensível ou passível de ser adequadamente considerada.
Assim, incorremos no risco de nos comportarmos afoitamente na ânsia de não mais
presenciarmos o processo do outro em sua batalha com o seu penar.
Porém, por mais que nosso desejo
seja o de rapidamente “esquecermos” o que nos causou pesar. Todos nos
envolvemos no processo que culmina na capacidade em sobreviver à dor. Há quem
busque substituir o que foi perdido e esse comportamento pode ser o suficiente
para muitos. Contudo, não é algo que pode ser generalizado.
Então, no nosso processo em lidar
com a perda, é necessário, também, exercitarmos a compreensão do limite do
outro em lidar com a própria dor. Para assim, nos habilitamos a compartilhar da
sobrevivência que acompanha o luto. E, desse modo, compartilharmos em tempo
semelhante a superação do processo de refazimento.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
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