“Só olho para frente”, ou
seja, se o caminho a minha frente está livre não me preocupo com nada ao redor.
Amor exclusivo e excessivo de si,
implicado na subordinação do interesse de outrem ao seu próprio, esta é a
definição encontrada no dicionário Aurélio para essa palavra. Porém, o que
representa em nosso dia a dia a convivência com o egoísmo? Onde podemos observar
atitudes egoístas? Será possível amenizar suas consequências? Como?
Costumo dizer que vivemos o auge
de uma síndrome – “só olho para frente”, ou seja, se o caminho a minha frente
está livre não me preocupo com nada ao redor. Não me importa se ao precisar
parar em fila dupla, atrapalho todo o trânsito da avenida atrás de mim. Não me
importo se o lixo que atiro pela janela, poderá se acumular a outros tantos
objetos deixados ao léu e obstruir a passagem da água nos esgotos e causar
alagamentos e transtornos diversos.
No entanto, nossos atos têm
consequências das quais nem sempre nos atentamos, mas nos alcançam também. Ou
ainda, quando não ajudamos podemos atrapalhar bastante sem nos darmos conta
disso.
É comum lamentarmos a falta de
colaboração, o desinteresse e a indiferença geral. Somos capazes de reclamar e
anunciar diversas soluções que não nos envolve, é óbvio. Até porque, não pensamos
fazer parte desse rol de pessoas que privilegiam seu próprio bem-estar acima de
tudo e de todos.
Será que estamos tão imunes
assim? Podemos mesmo afirmar, com plena segurança, que colaboramos mesmo isso
significar redução do nosso ganho? Ou que nos preocupamos com as consequências
dos nossos atos em um tempo não necessariamente tão imediato, mas que em longo
prazo represente algo nocivo para alguém?
Outro dia, ao observar um
comportamento de um funcionário com uma fisionomia irritada ao atender alguém,
foi possível perceber que o cliente poderia ter feito algumas observações, ao
comunicar-se com o funcionário e agilizado o seu atendimento. Porém, ao ser
tratado com a indiferença e falta de atenção daquele que o atendia, absteve-se
de fornecer maiores informações e, em praticamente total silêncio, ambos
terminaram seu lamentável encontro.
Este exemplo propiciou-me uma
reflexão. Podemos auxiliar ao máximo aquele que se relaciona conosco em
qualquer âmbito. Ou não. Quando nos propomos a ser prestativos e atenciosos,
corremos um grande risco de sermos tratados com simpatia, respeito e agrado. Em
contrapartida, ao nos propormos ser indiferente, também corremos um grande
risco, esse, porém, de sermos tratados com indiferença. E assim adicionarmos
mais irritação ao nosso rol de contrariedades que o viver nos proporciona.
Levando-nos a agravar nossos sentimentos de rancor e exasperação.
Por isso, ao buscarmos formas de
amenizar nossos desagrados particulares compreendendo os gatilhos que nos levam
a experimentar a contrariedade, investiremos em nossa melhora. Por consequência,
estaremos mais aptos a lidar com o outro de modo mais ameno, permitindo a
redução dos sentimentos que nos levam a acreditar que nossos direitos
sobressaem-se aos dos outros.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marciabcavalieri@hotmail.com
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