04 dezembro 2015

PRESENTEAR – CARINHO OU OBRIGAÇÃO?

Presentear alguém pode representar uma breve conexão nossa com quem desejamos agradar.

Vivemos numa época em que é natural ouvirmos comentários a respeito de diversos modos de ser que não era comum há tempos atrás. Hoje é comum conhecermos alguém que já apresentou ou apresenta sintomas de Depressão, Pânico, Transtornos de Personalidade como Bipolaridade ou ainda Borderline entre outros.
Tais nomes assustam e mais ainda sua frequência atual. Nunca se falou tanto em necessidades de controle de ansiedade como hoje e, definitivamente, todos querem respostas para descobrir como se iniciam tais “distúrbios” para que se possa pôr um fim ao mal.
No mês de dezembro há uma grande movimentação em torno das festas de final de ano. Amigos-secretos, presentes para familiares e amigos são a ordem do dia. Todos, de algum modo, presenteiam e são presenteados. Mas qual é o significado, atualmente, de um presente?
Há algum tempo uma de minhas filhas questionou-me sobre o valor monetário do seu presente de aniversário. Essa pergunta permitiu-me uma resposta a qual proporcionou uma pequena reflexão. Qual o significado de um presente? Por que vivemos numa época em que presenciamos tantos casos de ansiedades e transtornos? Há relação entre essas duas questões?
A respeito do significado de um presente, é comum, nos dias atuais, agraciarmos amigos e familiares com os práticos vales-presente, o qual o presenteado pode ele mesmo escolher o seu “presente”. Há modo mais fácil de presentear que proporcione maior possibilidade de acerto do que esta?  Ou, ainda, oferecermos determinada quantia em espécie. Isso seria um presente ou uma oferta de compra? Uma compra ocorre quando nos dispomos a ir a algum lugar e escolhermos, nós mesmos, o que desejamos adquirir.
Um persente envolve certo tempo nosso pensando na pessoa a quem “queremos agradar”. Ao nos dispormos a comprar um presente para alguém, podemos experimentar alguma insegurança a respeito daquilo que nosso afeto gostaria de receber.
Porém, se atentarmos para o fato de que tal presente pode significar o tempo que dispensamos pensando nessa pessoa, que, por algum tempo, prestamos uma atenção especial em suas preferências diversas, como roupas, perfumes, objetos pessoais, comentários sobre suas coisas e situações preferidas. Ou seja, dispensamos um pouco do nosso precioso tempo “conectados” na pessoa que desejamos presentear. Será que ao nos dispormos a pensar desse modo em relação a um presente, o seu significado não será outro que não seja apenas o dinheiro envolvido em sua compra?
Poderíamos, neste mês de festas e oportunidades de distribuição de mimos diversos, ao adquirir um presente, tentarmos ver nele não apenas a compra, mas a pessoa envolvida nessa relação. Pode ocorrer de utilizarmos um pouco mais de nosso tempo no processo da compra do presente. Entretanto, pode ser que o prazer envolvido nesse processo seja gratificante.
Talvez as ansiedades e transtornos diversos da atualidade possam estar relacionados há alguns significados que deixamos de valorizar. Podemos começar com o presente e, quiçá este ato seja apenas o início de um novo processo de significados diversos a envolver nossa existência futura. E, com isso, minimizarmos a incidência de transtornos indesejáveis.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
Email: marciabcavalieri@hotmail.com

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