Talvez, o amor seja uma forma nobre
de justificarmos nossos atos, mas serão nobres esses atos?
Em nome do amor, algumas vezes,
cometemos atos insensatos ou mesmo sem avaliar a dimensão de suas consequências.
Uma conhecida contou sobre sua experiência em tentar, de todos os modos,
amenizar as dores de quem era próximo a ela. Disse ter sido repreendida por alguém
que lhe destacou sobre os malefícios dessa atitude. Porque assim não permitia à
essas pessoas viverem experiências que lhes permitissem algum aprendizado e
desenvolvimento.
No entanto, não é fácil a atitude
de ajudar o desenvolvimento de alguém querido sem tentar impedir uma
possibilidade de dor. Em muitas ocasiões torna-se quase impossível assistir a
essa pessoa sofrer as consequências daqueles atos que lhe proporcionaram sofrimento.
Especialmente quando se tem alternativas para auxiliar a mitigar esse processo.
Atualmente, com as solicitações
diárias as quais estamos submetidos, encontramos justificativas diversas para
tal comportamento. Na pressa dos muitos afazeres sanamos nossa necessidade de
encontrar uma causa para nosso modo de ser o qual “lesa” aquele a quem amamos.
Em muitas ocasiões fechamos nossos olhos para tal realidade protelando também o
lidar com suas consequências.
Muitas vezes não nos atentamos
para o fato de esse modo de agir se relacionar com sentimentos dos quais nos
pertencem, e que nos causam desconforto. Sentimentos relacionados às
frustrações as quais somos expostos a todo o momento, principalmente devido ao
fato de acreditarmos ser possível muito mais do que a nossa realidade permite.
Diante disso, a tentativa de
impedir quem amamos de experimentarem frustrações torna-se uma tentação quase
irresistível. Assim, buscamos formas de sanar nossas dores com nossas próprias
decepções nos atos que, em nossa ilusão, são salvadores das dores alheias.
Talvez, o amor seja uma forma nobre
de justificarmos nossos atos. Porém, uma análise mais detalhada de como amamos pode
permitir que sejamos um pouco mais “úteis” àqueles que direcionamos tal
sentimento.
Nesse caso, ao nos conhecermos e
abrandarmos nossas dores nos tornamos mais plenos. E, então, em consequência,
também mais aptos a “acompanhar” quem nos cerca e é depositário de nossos
sentimentos de carinho e amor. Essa companhia se torna mais segura e capaz de
ser provedora de experiências importantes para seu desenvolvimento pessoal.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marciabcavalieri@hotmail.com
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