Qual a diferença entre o tal
friozinho na barriga de quando nos excitamos com algo e o desespero em
participar de tudo.
É comum a sensação de um
friozinho na barriga quando estamos excitados com algo. Muitos dizem ser essa
sensação algo extremamente útil e positivo. Entretanto, assistimos atualmente
um certo frenesi em torno de situações que não necessitariam do alvoroço gerado.
Uma jovem na fila de um cinema
para assistir a estreia de um filme se gabava ao dizer estar ali há mais de
três horas e não havia saído nem para ir ao banheiro. Ao ser questionada sobre
o motivo afirmou que não queria perder nada daquele evento, nem mesmo uma
pipoca que caísse nos degraus da escada.
Outra jovem, ao não poder estar
presente em uma festa de aniversário de uma amiga preparou uma festa surpresa,
dois dias antes da outra festa, para que assim não se sentisse “de fora” por
perder algo.
Então, uma questão emerge. Qual a
diferença entre o tal friozinho na barriga de quando nos excitamos com algo e
esse desespero em participar de tudo. Ocorre de necessitarmos estar presente em
tudo e saber de tudo para não nos sentirmos perdendo algo? Talvez o acesso a
tantas informações com tanta facilidade e rapidez sejam alguns dos motivos.
Porém, parece haver algo mais. Um
desejo insatisfeito que nos leva a permanecer em busca de algo o qual não
conseguimos identificar ao certo. Então, se nos esforçarmos para não perder “nada”,
pode acontecer de não sentirmos essa falta que não consegue ser identificada.
Mas, será possível conseguirmos participar e estar presente em tudo?
Percebe-se cada vez mais pessoas sendo
acometidas ou “diagnosticadas” como ansiosas, depressivas ou com algum tipo
transtorno. Isso pode significar que em algum momento deixamos de nos envolver
emocionalmente de modo a nos fortalecermos e estarmos preparados para o prazer.
Iniciamos, então, uma jornada rumo a uma sensação de quase desespero por deixar
de obter algo.
Nos fortalecermos para o prazer
porque ao experimentarmos o tal “friozinho na barriga”, de algum modo, nos
preparamos para um evento o qual poderá proporcionar uma emoção diferente da
rotineira. E, portanto, nosso corpo “conversa” conosco de modo a nos preparar
emocionalmente para a situação por vir.
Ao ter isso em mente é importante
conseguirmos nos manter atentos para buscar cada vez mais conhecer nossos
limites e nos tornar, então, capazes de nos emocionarmos e experimentarmos
sensações as quais não sejam esperadas ou planejadas. E que estas nos permitam
viver os momentos que surgem no presente. Sem medo do passado e sem tentar
controlar totalmente o futuro.
Podemos iniciar um modo de viver
voltado mais para o momento atual, nos preocupar com ele e nos envolver com
todas as emoções que o presente pode nos oferecer. E, assim, exercitarmos a
redução das sensações de desespero quando buscamos algo e nem sabemos ao certo
o que é.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marciabcavalieri@hotmail.com
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