Ao significarmos transformamos cada
contato em algo singular e único, mas existe um “padrão” na maneira como nos
relacionamos.
É comum ouvir, aqui ou ali, lamentações
sobre um relacionamento no qual não houve comprometimento e tornou-se
impossível mantê-lo. Se considerarmos que nos relacionamos com pessoas, animais
ou mesmo objetos, a questão torna-se ainda mais ampla. Ou seja, qual o motivo
para certas pessoas não conseguirem se comprometer quando envolvidos em um
relacionamento?
No contato com os objetos podemos
respeitá-los ou não. E isso será indicado pelo modo como o conservamos ou o
destruímos. Quando o contato é com animais, devemos nos lembrar de que esses
são seres irracionais, porém, não isentos de sensações e sentimentos. Por isso
é necessário compreender e respeitá-los, mesmo que seja apenas em relação às
sensações de prazer, dor ou tristeza que eles experimentam.
Contudo, quando nos relacionamos
com pessoas o tema torna-se um pouco mais complexo. Todos somos seres capazes
de pensar, sentir e, o mais importante, interpretar. Isto é, atribuímos um
sentido a todos os contatos que estabelecemos ao longo dos nossos dias, meses e
anos.
Ao significarmos, então,
transformamos cada contato em algo singular e único. Mas, existe um “padrão” na
maneira como nos relacionamos. Temos um modo de ser e agir permeável a todos os
contatos que estabelecemos. Os significados têm importância para nós e é nesse
momento que podemos entender o compromisso. O comprometer-se envolve dedicação,
responsabilidade e, especialmente, respeito.
Então, ao nos comprometermos,
estabelecemos “normas” de conduta para com os outros. Permitimos a esses nos
conhecerem e terem expectativas em relação ao nosso modo de agir. O que
possibilita o surgimento de relações de confiança. Sendo assim, se esse
compromisso estabelecido não estiver permeado de respeito, será muito provável a
transmissão de uma imagem, àqueles que nos contatarem, de desrespeito e
descompromisso.
Podemos sempre lamentar aqueles
que não são capazes do compromisso. Porém, também podemos iniciar a mudança dos
que nos cercam. E oferecer um exemplo de como é possível estabelecer contatos firmados
em bases de confiança e respeito.
Zygmunt Bauman afirma
estabelecermos, atualmente, relações líquidas. Passageiras como uma água corrente
da qual não solicita nenhum compromisso porque se esvai. Mas, se percebemos a
falta de compromisso, isso significa que essa experiência não tem sido plena
nem tampouco satisfatória.
Nesse caso, temos o poder de
mudar essa característica e buscar um modo de modificar esse jeito de ser, com
o objetivo de nos comprometer em todas as relações que estabelecemos. Para, então,
sermos capazes de “contaminar” aqueles que fazem parte de nosso círculo de
convivência.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marciabcavalieri@hotmail.com
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