“Usualmente nosso olhar para
os acontecimentos em nossas diversas relações, nos conduzem a crer que o outro
seja o total responsável pelo sucesso ou não delas. ”
Diversas situações podem propor
uma gama razoável de oportunidades. Assim como uma frase, a princípio cômica,
pode nos oferecer uma oportunidade para reflexões. Como por exemplo, a seguinte
frase: “voltar com o ex-namorado é como comprar um carro que já foi seu. Vem
com os mesmos defeitos só que mais rodado”. Será que apenas o namorado ou o
carro vêm mais rodados?
Usualmente nosso olhar para os
acontecimentos em nossas diversas relações, nos conduzem a crer que o outro
seja o total responsável pelo sucesso ou não delas. Sejam essas relações com pessoas,
objetos ou animais o importante a ter-se em mente é o fato de a relação envolver
sempre dois caminhos: ida e volta, isto é, há sempre uma troca.
Sendo assim, se o ex-namorado bem
como o “ex-carro” vêm com os mesmos defeitos, pode ocorrer de a causa ser,
muito provavelmente, o fato de não modificarmos o modo de nos relacionarmos com
eles. Mas, como realizar tal mudança?
Ao vivenciarmos nossas
experiências cotidianas, costumamos buscar modos de afastar da memória aquelas que
nos causaram algum tipo de desconforto. No entanto, ao fazer isso, deixamos de
lado o fato de todas as nossas experiências, boas ou não, fazerem parte da
constituição do nosso ser. Pois, somos “hoje” o resultado de todas as nossas
vivências anteriores. Isto é, se modificássemos qualquer uma dessas vivências
não seríamos quem somos atualmente, seriamos outro.
O filósofo Jean-Paul Sartre
compara as influências de nossos atos com o bater de asas de uma borboleta o
qual poderia ocasionar um maremoto em um local distante de nós. O físico Fritjof
Capra afirma ser o todo influenciado pelas partes, isto é, cada um de nós tem
influência nos eventos comuns a todos. Sejam eles de menor ou maior porte.
Desse modo, é sensato concluir
sermos parte importante em qualquer relacionamento. E, por conseguinte,
possuidores do “poder” de modificá-los também. Então, se um ex-namorado ou um
“ex-carro” possuem os mesmos defeitos, talvez repouse em nossas mãos a
possibilidade de modificar tal relação ou, simplesmente nos desfazermos dela.
Essa iniciativa pode não parecer
um processo simples em um primeiro momento. No entanto, se nos dispusermos a
atentar para pequenos eventos ao nosso redor, poderemos ser capazes de ampliar
nossos olhar para as diversas relações estabelecidas por nós. E possibilitarmos
a oportunidade de experimentar uma nova relação, mesmo com alguém de nosso
passado, permeada de um cuidado diferente.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marciabcavalieri@hotmail.com
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