Como será possível
estabelecermos algum critério para assumirmos, nós mesmos, os cuidados com
nosso próprio bem-estar e sem dependermos de outrem para tal?
Como delimitar até onde podemos
ou devemos ir e como identificar o momento em que se deve finalizar algo? Tal
decisão torna-se ainda mais difícil quando algum tipo de prazer está envolvido.
Seja uma boa companhia, um saboroso alimento, uma bebida agradável ou mesmo o
simples estar em algum lugar aprazível.
O vício é um desregramento
habitual, um costume prejudicial, isto é, consiste em algo o qual nos
habituamos a fazer e do qual temos dificuldades em nos privar. Em um primeiro
momento ao falar-se em vício podemos nos remeter a substâncias ilícitas. No
entanto, há diversas outras formas de vínculos viciosos. Pode ocorrer de nos
acostumarmos a tal ponto a determinado modo de agir e nos tornarmos, por isso,
“impossibilitados” de perceber os malefícios para a nossa existência.
Como será possível estabelecermos
algum critério para assumirmos, nós mesmos, os cuidados com nosso próprio bem-estar
e sem dependermos de outrem para tal? Ou seja, o que fazer para nos tornarmos
capazes de cuidarmos dos nossos limites e excessos?
Jean Piaget, considerado um dos
mais importantes pensadores do século XX,
afirmou que um indivíduo pode ser considerado maduro a partir do momento em que
tem internalizado as regras as quais é submetido durante seu desenvolvimento,
isto é, quando o indivíduo não mais necessita de alguém para lhe sinalizar o
que lhe será inconveniente ou não. Ele possui, assim, seu próprio repertório do
que lhe convém ou não. Desse modo torna-se capaz de avaliar as consequências de
seus atos e freá-los antes de um inevitável mal estar consequente a si mesmo.
Atualmente as pessoas constatam
com certa frequência o quão difícil é conter-se diante dos prazeres
imediatos. Em nome da satisfação
sacrifica-se o bem estar sem analisar as perdas envolvidas em tal comportamento.
Uma maneira de iniciarmos um
processo culminante em um maior cuidado conosco consiste em analisar quais são
as reais perdas e ganhos de determinada ação. Desse modo, seremos capazes de
decidir e escolher com maior segurança o que é ou não importante para nós,
embasados em nosso repertório interno de “regras”, isto é, nosso repertório
acerca do que nos faz bem ou não.
O modo de agir atual fundamentado
em estereótipos inatingíveis de perfeição, também nos apresenta o prazer
incondicional e a satisfação plena como metas a serem atingidas. No entanto, a
construção do nosso ser esbarra nas frustrações. E, são elas que nos ajudam a
delinear nossos limites para que possamos cuidar de nosso bem estar de modo
mais preciso e eficaz.
Então, quando nos permitimos
excessos, sejam eles de ordem física, psíquica ou emocional, que nos conduzem a
lamentar tal atitude no dia subsequente, pode ser uma advertência de que
necessitamos exercitar um olhar mais crítico para nossos atos e comportamentos
em relação a nosso bem estar.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marciabcavalieri@hotmail.com
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