De alguma
forma, todos nós sofremos perdas mais ou menos significantes e com as quais
precisamos conviver.
O filme “PS: Eu te amo” trata de
uma jovem esposa que vive o luto devido a perda do marido morto por uma doença
incurável. Este, com a ajuda da sogra tenta ajudar a esposa, então enlutada, a
retomar o gosto pela vida. Ele deixa para ela cartas para que sejam entregues
em períodos planejados por ele enquanto tratava de sua doença terminal.
A jovem esposa consegue, com essa
ajuda, retomar aos poucos o gosto pelo viver, buscando seguir à risca as
orientações deixadas pelo marido. Porém, um dia, percebendo que está chegando
ao final as correspondências, ela se aflige com a ideia de não ser capaz de
continuar sua vida sem as orientações dele. Então, sua mãe, que era a portadora
da tarefa de entregar tais cartas, revela à filha todo o plano do genro. Na
conversa as duas falam de suas dores, pois sua mãe sofreu uma grande perda
quando o esposo a abandona sem deixar notícias quando a filha ainda era criança.
Ela revela à filha que somente
foi capaz de se restabelecer quando, ao sentir-se demasiado triste, começa a
observar as pessoas ao seu redor. Ela, então, constata que de algum modo todos
viveram alguma perda e sendo assim, todos são semelhantemente “quebrados”. Dessa
forma, consegue reencontrar razões que justifiquem o buscar ser feliz novamente.
Entendendo ser necessário fazê-lo, mesmo não estando “inteira”.
Do mesmo modo, podemos sentir que
em determinados momentos somos os mais sofredores de todos. Contudo, não temos
como saber quem carrega qual dor e em que proporção ela machuca mais ou menos.
O importante é que de alguma forma, todos nós sofremos perdas, mais ou menos
significantes, e com as quais precisamos conviver.
Então, seja encontrando apoio em
recordações, em pessoas que tenham vivenciado dores ou perdas semelhantes, ou
contanto com a ajuda de alguém, que pode ser um médico, um psicólogo ou mesmo
um amigo, se faz pertinente buscarmos maneiras de nos sentirmos “fazendo parte
de um grupo”. Mesmo que esse grupo seja o de “quebrados” como descreve a
personagem do filme.
É importante ressaltar que nossas
dores serão sempre mais importantes que a dor qualquer outro ser, pois somos
nós a vivenciarmos ela. Porém, também se faz necessário compreendermos que elas
não são estagnadas em sua proporção. Isto é, em algum momento seremos capazes
de conviver com ela de modo sereno, mesmo que em outros momentos elas tornem-se
quase insuportáveis novamente. O simples fato de oscilarem nos permitirão a
“brecha” necessária para a continuidade de nosso existir. E, nesse fôlego que
experimentamos, podemos ser capazes de vislumbrar o auxílio que necessitamos.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
E-mail: marciabcavalieri@hotmail.com
CRP:
06/95124
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