18 novembro 2011

O BELO

“A beleza artificial é uma batalha contra o vazio do corpo e da alma”. É com essa frase que o filósofo Luiz Felipe Pondé concluiu um texto. Como será esse vazio? Experimentamos dele em nosso existir? Esse vazio pode surgir de forma passageira e rápida, ou pode prolongar-se por meses, anos e quiçá uma vida. No entanto, ao nos depararmos com essa possibilidade, isto é, de viver-se uma vida inteira sob uma forma de existir dominada por esse vazio. Ou, em uma busca incansável e inglória no preenchimento de uma lacuna a qual não compreendemos ao certo. Pode parecer cruel e demasiado exagerado. Contudo, se voltarmos nossa atenção para esse fato poderemos distinguir diversos momentos nos quais essa afirmação tem sentido. Torna-se cada vez mais comum nos depararmos com frases de lamentações ou de surpresa diante de um acontecimento corriqueiro que não tem sua adequada correspondência com a reação que proporcionou. A única “explicação” sensata seria a ausência de um significado mais próprio. A todo o momento criamos significados para as diversas relações que estabelecemos com o mundo. Sejam elas com pessoas, animais, objetos ou mesmo situações. Ao nos relacionarmos atribuímos significados que vão do de maior indiferença ao de maior importância para nós. É importante, no entanto, nos lembrarmos de que esse significado não é algo particular e exclusivo a algumas pessoas. Todos nós significamos nossas relações. Cada pequeno momento de nosso existir é permeado de algum sentido. Quando permitimos esse existir predominado pelo vazio de corpo ou de alma, também permitimos que os significados os quais atribuímos sejam insubstanciais. Ou seja, não nos proporcionam satisfação pessoal e ocasionam, inclusive, frustrações que nos levam a reações desmedidas. Podemos nos deixar levar por aquilo de maior importância para o outro sem ponderar nossa satisfação. Permitimo-nos envolver por solicitações de uma sociedade de consumo na qual vivemos sem nos questionarmos sobre nosso real desejo. Esse comportamento nos conduz a experimentar um vazio, o qual nos leva a buscas intermináveis e exaustivas. Talvez seja necessário voltarmos um pouco de nossa atenção para nós, para o que é importante em nosso existir e, para os significados trazidos pelos diversos momentos de nossa vida. Certamente que o modo de vida atual, preenchido com diversos afazeres, dificulta esse proceder. Pode ocorrer, então, de um bom antídoto para o vazio de corpo e de alma consistir no preenchimento das lacunas, em nosso existir, com significados os quais nos permitam experimentar relações com sentidos mais intensos. Ao “repensarmos” nossos diversos contatos com o mundo, ampliamos a possibilidade de renovarmos os diversos sentidos de nossa existência incorrendo, por conseguinte, na possibilidade de um existir mais “belo”. Márcia A. Ballaminut Cavalieri Psicóloga CRP 06/95124 E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

Um comentário:

  1. O belo é saber que existo porque enxergo o outro e porque o outro me reconhece.Numa visão de mundo permeada pela tolerancia, pela ética pela generosidade, alegria e esperança teremos a possibilidade de um existir belo infinitamente belo...
    abraço maria

    ResponderExcluir