“A dor é temporária, desistir
dura para sempre”. Esta afirmação é do famoso ciclista americano, Lance
Armstrong, vencedor do Tour de France
de 1999 a 2005 após restabelecer-se de um câncer.
Muitas vezes temos o impulso de
acreditarmos em nossa incapacidade para suportar qualquer tipo de sofrimento.
Seja ele relacionado a uma dor física ou emocional. Podemos, certamente,
optarmos pelo desistir em lugar de buscarmos formas alternativas de lidarmos
com o que nos aflige. Contudo, poderemos apenas substituir uma dor por outra: a
da desistência.
No entanto, há maneiras de
lidarmos com nossas dores de modo a tirarmos proveito dela. Quando uma situação nos causa algum tipo de
aflição podemos nos lamentar e nos penalizarmos com o que ocorreu. Ou, nos empenharmos
na busca de alternativas para nos desenvolvermos a partir da oportunidade em
questão.
Um adulto relatou sua experiência
de ter tido esquecido, por todos que o conheciam na ocasião, a data de seu
aniversário quando ainda jovem. Segundo ele, a dor experimentada foi muito
intensa. Porém, ao final do dia compreendeu que as pessoas podem, em alguns
momentos, verem-se tão envolvidas em seus próprios assuntos, que uma data
especial para alguém pode permanecer despercebida para outro.
Isso não significa, entretanto,
ausência de sentimento. Expressa, apenas, que podemos nos enredar em situações
as quais nos levem a um envolvimento tal, de modo que até a lembrança de uma
data importante pode tornar-se algo irrealizável.
Todavia, em uma experiência dessas
poder-se-ia optar por um sofrimento contínuo a cada ano com a repetição da data
e da lembrança do ocorrido. Não obstante, ao decidir-se por analisar de modo
livre de sentimentos de ressentimento, a experiência em questão pode assumir o
papel de algo construtivo e capaz de possibilitar algum desenvolvimento
pessoal.
Há um termo: resiliência, muito
em voga atualmente e que define esse tipo de comportamento, o de alguém que
possui resistência ao choque. Isto é, capaz de sofrer algum tipo de contratempo
e, apesar disso, reerguer-se diferente e fortalecido.
Então, como Lance Armstrong
sugere, pode ocorrer de ao optarmos por não desistir da luta, alcançarmos algum
tipo de dor lancinante. Mas, também incorremos no risco de experimentarmos
sensações de vitória desconhecidas por nós, as quais podem nos oferecer
oportunidades de conquistas impensadas anteriormente à experiência vivida.
Sendo assim, buscar formas de conhecermos nosso potencial de resiliência
torna-se um objetivo, ao menos, enriquecedor.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
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